A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Wednesday 29 June 2011

RIO DA ALMA - O ETERNO RETORNO



É a intuição do eterno retorno!
Ela se faz presente, em mim.
Sinto-me em vaivém constante,
Tal  balançar de uma barca.
Sinto a evasão, a mordida,
A gargalhada, a graça…

Com algumas diferenças!
Às vezes, parece vir de um girassol,
Como se fora um olhar amarelo.
Olhar de Sol quente que derrete
Esse frio nascente de Inverno.

Nada tem de poético ou romântico!
Acontece!
Vem porque assim terá que ser.
Sinto a ânsia, a música alta.
As dores, os risos, são firmes.

É que....

Tenho a sensação do aproximar do fim…
Quando ele chegar, vai ser engraçado.
Vou contemplar-me, a  rir-me de mim,
Enquanto me desfaço do que sou…

Por: Joaquina Vieira

29/06/2011

RIOS DA ALMA - O PASTOR DA GEADA




Desvendo esta página
Em branco, despida.
Ela conhece os meus jeitos,
Espontaneamente ansiosos,
Nela esquecidos, gravados.
Amores que não vivi!
A paixão que aquece,
Enternece e enlouquece
Morreu, há muito, para mim.
Os alegres vão discorrendo
Nos encantos da saudade.
Tudo me sobreveio!

Esta minha exultação
Não encontra protecção
Na noite em que me tornei.
São palavras que esqueci
Na amargura que vivi
Em meu corpo preso,
Derrotado por uma lágrima
Ao cair, assim, na página nua.
Já se desvaneceu, em mim,
A tinta que aqui deixo.
Borrão que eu não vejo,
Glória que já morreu.

Entre o eu e o que euscrevo
Existe, eu sei, caminho
Que nunca pensei pisar.
Ele atravessa o meu mar,
Longe do meu querer.
Do destino, nada sei!
Encontro o meu viver
Palmeando o mundo inteiro,
Abandonada à maré,
Procurando em mim
Uma imensidão sem fim.
O que à superfície não vem,
Está fechado dentro de mim.
A vida, como a senti!
Estou morta, estou farta
De ser perseguida e abandonada
Pelo muito que não vivi.

Quero ser o marinheiro
No seu destino embarcado.
Quero ser o pastor da geada
Que guarda rebanhos de nada.

Quero os sonhos que trago
Duma vida sem embargo,
Com tudo o que ela me der.
Quero sentir o meu destino,
Com tudo o que nele houver.
Quero sentir as palavras
Que traduzam o meu viver.
Quero ser a alma perdida!
Quero encontrar um regaço
E matar a dor que habita em mim.
Quero o calor de uns braços
Que me levem, num abraço,
À imensidão sem fim.
Quero ter, neste momento,
Tudo o que possa esperar.
Quero ser, quero amar,
Até a morte saciar.

Por: Joaquina Vieira
29/06/2011

ENIGMA




Enigma!
Os gritos que lancei
E que ninguém quis escutar.
A terra que trabalhei
E onde ninguém quis viver.

Enigma!
Os passos que perdi
E que ninguém encontrou.
Os sonhos que encontrei
E que ninguém perdeu.

Enigma!
Todas as interrogações
Que ninguém sabe responder.
Ninguém, nem eu!
Tu que me buscas,
Procuras, em vão.
Ainda eu não te achei!
Não vês que sigo
O bater do coração?
Pela estrada suplicante,
Minha sombra, errante,
Procurou até cair!
Meus pés, já exaustos,
Apontarão ao chão
De terra usada, batida,
Da cor do carvão.
Nunca chegarei
Ao fim do caminho,
Onde os corvos fazem ninho.
Meu corpo contraído,
Meus lábios selados,
São gritos de dor,
Por amor inventados,
Por outros traídos
E a mim recusados!
Meus ouvidos perfurados
Afundaram-se nos silêncios
Dos secretos murmúrios!
Teus lábios que nunca, para mim,
Haviam sequer sorrido,
Selaram no vento, com cheiro a mar,
O beijo que nunca deram.


Por: Joaquina Vieira

Saturday 25 June 2011

MOMENTO DE ALMA - MINHAS LÁGRIMAS




Não te vou esconder  minhas lágrimas.
Se eu as souber entender, logo te digo.
Vou, primeiro, guardá-las em páginas,
Porque, no meu rosto, são excessivas

Lágrima, porque me trazes alegria
E me mergulhas, também, na agonia?
Lágrima, liberta-me desta dor,
Mas fica, se fores de amor.

Se as lágrimas são sadio baluarte de emoções,
Consideremos o seu verdadeiro valor.
Com elas se aquietam as dores
E lamentos que fortificam corações.

Quem nunca as derramou
Por alguém a quem amou?
Pela vida se dão, de graça!
Deixam-nos sensíveis,
Quando passam!

Por: Joaquina Vieira

25/06/2011

Wednesday 22 June 2011

MOMENTO DE ALMA - A MISSÃO








Durante a nossa passagem pela Terra vivemos experiências.
Algumas intrigantes, marcantes.
Cruzamo-nos com pessoas diferentes.
Temos provas que são necessárias e valiosas para nossa evolução.
Uma lição importante é compreender que todos somos únicos
E que é único o nosso caminho, o que temos que percorrer.
Nossa missão é que nossa vida se transforme em algo grandioso.
Quando somos gratos e vivemos com alegria, tudo se transforma.
Todos nós somos partes importantes e integrantes do Universo.
No dia que nós aprendermos a usar nossas energias emocionais,
Viveremos, naturalmente, num mundo melhor.
Precisamos estar conscientes da nossa missão na Terra.
Aqui, tudo o que se plantarmos, podemos colher.
Se plantarmos a injustiça e o desamor é o que iremos colher.
A Inteligência que nos criou e aqui colocou 

Foi para que plantemos e colhamos.
Todo este processo corresponde em viver,

Plantar, colher e respeitar os outros seres e a natureza. 
Aceitar-se a si próprio e aos demais é perdoar tudo e todos.
Assim, o Universo nos retribuirá, abundantemente, com sabedoria.
Poderemos, então, usufruir de tudo o que 

Este planeta pôs ao nosso dispor. 

22/06/2011

Por : Joaquina Vieira

Wednesday 15 June 2011

MOMENTO DE ALMA - ROSAS PARA TI


Tu, que vives em minha dimensão,
Que tudo dás e nada cobras,
Porque nada esperas de volta.
Tua humildade e amor
À minha vida trazem calor.
Vives o amor em sofrimento,
Em teus gestos de agitação.
Vives com a alma e o coração
Evocando uma fé arreigada
Que impera em tua vida.
És a bondade a raiar
O meu Sol a cintilar,
Lua crescente da amizade.
Galanteador nas palavras,
Vais espalhando doçura
Em tuas delicadezas.
Porque és transparente
E ignoras a crueldade
Dos poços de desalento.
Brilha, em ti, a luz da realidade.
Porque me faltam as palavras
Dou-te rosas, muitas rosas.
Todas elas são para ti.

Por: Joaquina Vieira


11/06/2011

MOMENTO DE ALMA - LÁGRIMAS


Brotam, de minha fronte,
São lágrima de saudade.
Formam gotas que, ao relento,
Espelham a minha aparência.
São lágrimas amargas,
Ensopadas de suor.
Sinto-as, no meu rosto, rolar.
São lágrimas de outrora.
Umas foram de alegria,
Outras foram de amores.
E de sonhos.
E de fantasias.
Hoje são tristes,
Vadias,
No sofrimento e agonia.
E alagam meu coração.
Não sei por que razão
Esta obstinação em o ferir.
Mas meu coração pulsa e vive
Porque guarda a confiança
De voltar a ser amado.
Por um amor verdadeiro
Com a mais pura paixão.
Quando penso em ti
Volta uma lágrima,
Agitada e teimosa.
Mas ela é generosa,
Como pedra preciosa
Que me vem ornamentar!
Ao lembrar-me de ti
Acordo a minha paixão
Que, sonhadora, quer viver
Presa ao teu coração.
Mas, na tua ausência,
Volta a lágrima, teimosa,
Ajeitando a minha demência!

Por: Joaquina Vieira

12/06/2011

MOMENTO DE ALMA - TEU ANJO, TEU ABRIGO



Vem, ousado guerreiro,
Requestar tua escolhida, valente,
Em perigos descoberta, audaz,
Mas de dubiedades e medos, apreensiva.
De ferida exacerbada, em guarda,
Vem, ligeiro, até mim,
Desde a terra de todas as contendas.
Vem, amor, vem sem a vanidade
Da tua proposta completar.
Abre teus braços e passa comigo,
No silêncio da noite, ao luar!
Quero ser tua trincheira, teu recreio,
Teu anjo, teu abrigo.
Teu conchego de brandura.
Quero cuidar da tua dor,
Em meu coração te amparar.
Quero ser tua amiga suavizadora
E, como tua musa encantada, te esperar
Na Lua, nossa morada.

Voa depressa, amigo,
De terra em terra.
Trás, contigo, alegria,
Meu porto, meu abrigo.
Nada de guerras eriçadas,
Que a estrada é tua
Mas minha é a Lua.
Onde te irei encontrar,
Ao som do mar,
Com a Lua a brilhar.

Por: Joaquina Vieira

15/06/2011

Sunday 12 June 2011

RIO DA ALMA - ÉS MEU ESPAÇO



Minha vida, és tu.
Nasci para te conhecer,
Não existe outra razão!
Ocuparei teu coração
E, dentro dele, continuarei.
Tu serás, para sempre, o meu par.

Minha paixão, és tu!
Numa tarde de Verão, a teu lado,
Vejo o céu afogueado.
Lembro-me de ti, minha chama,
Que me conquistaste o coração,
Tornando-me tua estimada.

Meu limite, és tu!
É o teu terno olhar.
Na candura do teu beijo
Renovas teus afetos,
Pairando, em nosso retiro,
Nós dois, sozinhos.

Meu sonho, és tu!
Cerro os olhos e acalmo,
Sentindo a brisa do amor
Afagando a minha fronte.
Atraio no capricho que apronto.
Em sonho, és tu meu espaço.

Sempre tu!
A vida, a vivo, mais feliz
Se teu olhar assenta em mim.
Assim como a mariposa
Num arrojo de autonomia,
Sei que serás sempre tu
Quem me trará a paz,
A harmonia.

Por: Joaquina Vieira
12/06/2011


Tuesday 7 June 2011

RIO DA ALMA - ÉRAMOS O MUNDO





Naquele prado, tarde de Verão,
Nós, de mão dada, explorávamos.
De repente, estala o trovão.
Dele, a correr, nos abrigávamos.

Juntinhos, protegidos, resguardados,
Num gesto louco, de pura fantasia,
Nossos corpos, um para o outro virados,
Demos asas ao desejo que nos invadia

Nem barreiras e olhares nos castigavam.
Olhando teu templo, meu corpo nu,
Tuas mãos, autónomas, exploravam.
Éramos o mundo, eu e tu.

Despiste tuas roupas que sobravam
E fizeste delas inesperada cama macia.
Extasiados teus olhos observavam
Enquanto eu de tudo me esquecia.

E, meus cabelos compridos afagaste,
Suavemente, com tua mão desejada,
Despertando, em mim, os sentidos,
Enquanto meu coração declamava.

E teus dedos, em mim descendo,
Dos meus peitos se aproximavam.
E de desejo, sempre crescendo,
Eles, por ti, erectos esperavam.

Ao meu lado, teu corpo indomável
Mostrava o desejo irrefreável.
E nos meus ouvidos expatriados,
Segredos, anseios pronunciados

E todo o meu corpo exploraste
Como quem sonda uma serrania.
E o descobridor que tu te achaste,
Minha boca, tua sede mataria.

E, num frenesim revoltoso,
Solta-se a lava do vulcão.
O epílogo, merecido, ansioso,
De jovens corpos, em ebulição.

16/02/2011


Por: Joaquina Vieira

Saturday 4 June 2011

MOMENTO DE ALMA - DE MIM PARA TI



De mim para ti,
Sorrio

E afugento a noite escura.
Entrelaço os dedos
E escapam-se as sombras

De mim para ti,
Estrelas transformam-se em sóis.

De mim para ti,
O silêncio que as linhas das minhas mãos permitem.

De mim para ti,
Lá fora,
No espaço que nos desenha a alma,
Um rouxinol, cantarolando,
Salpica, de cores, a madrugada.

De mim para ti,
O som de uma harpa na noite escura,
Desenhando recantos iluminados.

De mim para ti,
O cansaço do olhar
Que permite
O sonho aconchegado,
Partilhado que,

De mim para ti,
Nos devolve ao infinito.

Por: Joaquina Vieira

04/06/2011

MOMENTO DE ALMA - ANSIANDO AS MADRUGADAS




É a felicidade que chega,
Na porta entreaberta ao frio,
No escorrer gelado das lágrimas
Que, do fogo passado,
Realizaram profecias.

É, ainda, o arrepio na madrugada
E a chegada, nunca antes anunciada,
Daquela pequenina estrada,
Nunca vista,
Qual erva na borda do caminho.
O ombro desconhecido,
O vulto amigo, pressentido.

Visto-me dela
E caminho.
Dispo-me dela
E retorno ao caminho.

Pequenina estrada
És o único sentido.

Sigo-te, de olhos cegos,
Com mil sentidos despertos.
Preencho-me, de nada,
Ansiando as madrugadas.

POR: JOAQUINA VIEIRA

04/06/2011

MOMENTO DE ALMA - O POEMA É





O POEMA É
Um sentimento abstracto,
Um conjunto de palavras
Que podem ou não rimar.
Um combinado de olhares,
Aquela magia de sensibilidade
Por entre descobrimentos,
Quando se deixa o coração falar.

O POEMA É
O grito que sufoca
Quando preso a um corpo
Onde a fúria espreita
E a alma se exercita.

O POEMA É
O mundo aplacado,
Preso a uma voz sem fundo,
Onde o poeta está apaziguado
Na essência do mundo.

O POEMA É
O sentimento inocente,
Bandoleiro, salteador.
Quando, preso ao presente,
Liberta o passado e a dor

O POEMA É
O Homem em criatividade.
Quando invento o poema,
Na sua alma debilitada,
Cura-se o constrangimento.

O POEMA É
A alma que o chora
Quando o silêncio se acalma.
É como esmurrar uma parede,
É como o gritar do âmago.

O POEMA É
Querer o homem sentir a dor,
Sentir os versos da caneta,
Quando passa pelo vento.
É chorar até asfixiar a mente.

POR: JOAQUINA VIEIRA


2011-02-16

MOMENTO DE ALMA - EM MEU TRONO ME SENTAREI





Venha o que vier,
Um dia me irão levar.
Ninguém vai querer saber
Para onde quero ir.
Mas, nesse dia, mando eu,
Vou escolher, por mim.
Ficarei feliz ao ver
Outros a rirem-se, com prazer.
Estarei já a salvo,
Embora pensem que não.
Abrirei a porta do meu coração.
Algures, na minha mente,
Vou querer entrar e poder ficar.
Vou ver e ouvir
O que de mim estão a pensar.
Serei eu, não eles,
Quem vai decidir
O que, comigo, vou levar.
Quero, deste mundo, levar a beleza
E deixar para trás a tristeza.
Em meu trono me sentarei
E olharei em meu redor.
Rirei, com graça, sem desdém.
Seja o que for que vá encontrar,
Acredito que aí será o meu lugar.
Terei pena de alguns,
Se tiverem pena de mim.
Então, irei rir-me.
Sim!

Por: Joaquina Vieira


04/06/2011