A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Sunday 27 May 2012

RIOS DA ALMA - RIOS NA MINHA FACE


Rios de lágrimas
Escorrem.
Entre montanhas
Desertas.
Regam a minha floresta.
Lágrimas doces, salgadas,
São prementes, semeadas,
Dentro dos sentimentos.
Furtiva é a lágrima
Que desce, lentamente.
Alimenta a minha mente,
Num sufoco, calada.
Ela, mansamente
Desce, sem hesitar,
Alimentando o sofrimento.
Rios de lágrimas,
Fontes de emoção
Que se resguardam
Dentro do coração.
Há um rio que resvala
De dentro da minha vida.
Tem cor e harmonia.
Choro de tristeza,
Choro de alegria.
Em meu rio vou construir
Um seguro ancoradouro
Para proteger meu tesouro,
A poesia desfolhada,
Em lágrimas banhada.
O que vem de dentro
É um rio amplo, sedento.
Ele alarga nas alvoradas,
Nesta vida que é a minha.
No deserto do tempo
Criei a semente
Pelo meu rio regada.
Ela fez o seu trilho,
Levando-a outro rio,
Partilhando o seu lamento.
Rio que te abres,
Entre portas,
Portas já escancaradas.
É pela madrugada
Que me vens visitar,
Dentro do meu sonho,
Na minha cama deitada.
Sonho em ti, suada,
Com a roupa molhada.
A vida assim o traçou.
Que meu rio escorresse,
Que tudo ele me desse,
Para as magoas afogar.
Quero em ti, meu rio,
Minhas lágrima reter.
Que em espelho de agua,
Possa minha alma mirar.

Autora: Joaquina
3/01/2012

Thursday 24 May 2012

NA RAIZ DA MINHA ALMA


Que aridez, a que sinto
No âmago desta tristeza,
Que me assola,
Que me assusta,
Que assombra o meu íntimo,
Cá dentro, no labirinto
Que cava dentro de mim.
É desde cedo o meu credo,
A minha boca colada
Na raiz da minha alma,
De onde não posso escapar.
É desmesurada a avidez
Que se desloca por mim acima,
Quer no verso, quer na rima,
Quer no medo dos momentos.
Trago algo neste instante,
Que se assemelha ao diamante,
Mas que não o posso polir.
Pobre de mim, minha natureza,
Que se move com destreza,
No deserto desta aridez.
Meus músculos se contraem
E dentro das minhas veias,
O sangue se escoa, se esvai.
E meus sentidos atentos
Às batidas do coração,
Sentem toda a compaixão
Que tenho dentro de mim.
Por fim ocorre uma lágrima,
Neste desaforo atrevido,
Que nem se faz anunciar.
Compareça aqui e agora,
O meu amigo e protector,
Para acabar com a minha dor
Que me custa a suportar.
E o porquê deste tormento,
Que em mim se movimenta
E que me deixa prostrada?
Neste assaz momento bravio,
Árido momento tardio,
Que não deixa a alma sorrir.
Meus dedos insistem em escrever
Palavras que jorram, sem nexo,
Que não são prosa,
Que não são verso,
Mas que ardem, dentro de mim.
Preciso de me encontrar
Neste instante tardio,
Onde se acoita meu ser bravio
Que se sente encurralar.
Lágrimas caem, de impotência,
Que entram por mim adentro
E que queimam como brasas,
Numa fogueira ateada,
Sem poder e sem medo.
Elas se contêm, por vezes,
E meu espírito se ressente,
Nesta vida descontente.
Com a cabeça a fervilhar
E a arder de emoções,
Rezo minhas orações
Para, de novo, me acalmar.
Não pedi este destino,
Este destino que existe,
E do qual ignoro o rumo
E do qual nem sei a rima.
Sinto apenas compaixão,
Ao não achar a minha razão
No deserto da minha aridez.

Aurora. Joaquina
25/05/2012

Thursday 17 May 2012

MOMENTO DE ALMA - O ABRAÇO


























Estou partida e de partida
Para achar quem me abrace.
Se me olhares, bem de perto,
Sentirás a minha fresta,
Por onde sai a necessidade.
Necessidade de um abraço,
De um abraço, sem pressa.
Sentiras o cheiro a jasmim,
Não porque seja uma flor,
Mas por ser, apenas, mulher,
Que verte lágrimas de dor.
Nunca fui uma relíquia
A que dessem grande valor.
Apenas desejo um abraço,
Daqueles abraços profundos,
Que fizesse com que os mortos,
Regressassem de outros mundos.
No vácuo existe o espaço,
Dentro de mim a saudade.
Saudade de um abraço!
Dentro do meu cansaço,
De esperar, tanto por ti,
Sou hoje, apenas, o toque,
Neste minuto, nesta hora,
Em que minha alma chora,
Da ausência de um abraço.
Sei, agora, que é hora,
De me despedir de ti
E da Terra.
Terra que me viu 
E não se apercebeu,
Que, de mim, não se compadeceu.
Devagar me vou rasgando,
De mansinho me vou partindo,
Deste amor inexistente,
Desta coragem, seca nascente.
Deixo a alegria, a corrente,
Que, por aqui, me aprisionou.
Nem sequer eu sei quem sou,
Nem quem aqui me prendeu.
Sinto ainda o beijo percebido,
Com pressa, a rasgar-me o sorriso.
Já é tarde, tenho que partir,
Que já marquei outro encontro,
Onde um abraço me espera,
Nos braços de um outro amor.

Autora: Joaquina Vieira

17/05/2012

Monday 7 May 2012

RIOS DA ALMA – MEDITANDO




Imagino o mar, cheia de nada,
E meu ânimo reaparece.
Torno, a mim, tonificada
E, ao mar, envio uma prece.

Nesta esplanada, a meditar,
Envolta em meus pensamentos,
Alguém me fita, sem imaginar,
Estes tranquilos momentos.

E se, em meus sonhos, afloras,
É de júbilo o meu despertar.
E me entrego, em ternas horas,
De emoção a transbordar.

E desatamos embaraços,
Sob o amparo da mente.
E, serena, em teus braços,
Te abraço, ternamente.

E soprando o vento, forte,
Por ele me deixo levar.
Tu caminhas para Norte,
E eu continuo a sonhar.

AUTORA: JOAQUINA

07/05/2012