Pensamento, companheiro,
Permite que me balanceie.
Deixa a alegria girar,
Do outro lado da porta,
Que a quero espreitar.
Mas sempre tu, pensamento,
Tudo a quereres controlar.
Pela porta entreaberta
Sinto a descoberta.
Então, dentro do meu pensar,
Viro os olhos para a janela.
Adivinho quem mora nela.
Entre estrelas e galáxias
Armo uma falácia.
Neste mundo assim feito,
Nós sempre a começarmos,
A roda sempre a girar.
Sou eu, és tu.
Oh meu pensamento!
Alegras o meu momento,
Trazes furor à minha vida.
Trazes furor à minha vida.
Algo se rompe, em mim,
Enquanto tu te divertes.
Nas frestas do meu dia
Tu irrompes, assaltas-me.
Trazes à minha mente
Raízes e sementes.
Um dia, quando me deixares,
Pobre de mim.
É que já não saberei reflectir.
É que já não saberei reflectir.
Agora que vives em mim,
Não me deixas descansar.
Aconteces no meu caminho,
No que tenho de palmilhar.
Por carreiros e rasteiras
Obrigas-me orientar.
Sinto, lá longe, um guia
Que chama e me reclama.
Aos dois não posso atender.
Tenho em mim dois mundos!
Não sei com quem os dividir.
Junta-se gente na mortalha…
Tu, meu pensamento,
Vais estar presente.
Mas será o meu guia
Que daqui me vai levar.
Vai pegar na minha mão
E cantaremos uma canção.
Ingressarei na luz que liberta
E entrarei com ele noutra fresta,
Noutra dimensão que me vela.
Então um juiz me irá julgar
Por a ti, meu pensamento,
Ter tido como companheiro.
Se tiver que passar tormentas,
A ti irei incriminar.
Depois irei descansar,
Onde as planícies verdejantes
Façam cama dourada, para mim.
Alimentarão minha alma cansada,
Da missão, na Terra, acabada.
Darei forma a outro ser
Que comigo queira alinhar.
Com ele então retornarei.
Começarei, de novo, novo ser,
Num certo entardecer.
Irei novamente nascer
E de mão guiada, assente,
Viverei, de novo, gente,
Com outra missão diferente.
Ajudarei quem necessitar,
Porque voltarei a trabalhar.
Por: Joaquina Vieira
05/07/2011