A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Wednesday, 6 February 2013

INTERVALOS DOS SILÊNCIOS



Sou como sou, mas sou eu!
Embora pareça que não mudei,
Em mim, tudo muda.
Mesmo que distante,
Meu amor é o instante.
Sei hoje o que sou:
Sou o espaço do tempo
Em que me reservo e me sinto.
Direi adeus a quem me serve e,
Sem servidão, me entregarei.
Mas, ainda assim, me reservo,
Até que venha o dia
Em que virarei costas ao dia.
Então, em silêncio envolta,
Mesmo que tudo me revolte,
Seguirei, mas sei que voltarei,
Sempre, para tentar desfazer
As lições por aprender!
Do pouco que sei de mim,
Sei que me reconheço no tudo,
Mas que a nada pertenço.
Estou atenta à voz aflita,
Àquela que vem com o grito.
Se nada sou, de tudo preciso!
Assim, cheia de contradições,
Coração aberto ao meu sorrir,
Haja alguém que me possa falar
Dos intervalos, nos silêncios.
E escutar-me entre as escarpas,
Onde repousam nuvens e ventos
E moira meu peito, rasgado,
Despido, ensanguentado,
Pela força do meu querer.
Escreverei as minhas penas,
Mas também o meu jeito.
Por dentro do meu peito exposto,
Quiçá exista um coração já morto.
Grãos de areia flutuando,
Dentro da minha tempestade.
Nada é pela metade!
Erguerei sonhos encantados,
Para os levar ao altar
Onde está exposto o meu lugar.
Sozinha, comigo singrarei,
Pelo céu furtivo, perpétuo,
Onde tudo e nada acaba.
Por agora, eu só existo,
Dentro do que resisto,
Nesta forma de estar.
Ficarei por mim, eu sei!
Posso sufocar as mágoas
E até abafá-las em meu peito.
Possam elas ser, um dia,
A força que haverá no meu leito.
E elas rebentarão, ecoando
Como a força de um tufão,
A erupção de um vulcão,
O rugido de um leão.
Até meus pés estremecerão,
Com a razão do meu grito
Que comigo se esgotará.


Autora: Joaquina

27/01/2013