A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Thursday, 24 May 2012

NA RAIZ DA MINHA ALMA


Que aridez, a que sinto
No âmago desta tristeza,
Que me assola,
Que me assusta,
Que assombra o meu íntimo,
Cá dentro, no labirinto
Que cava dentro de mim.
É desde cedo o meu credo,
A minha boca colada
Na raiz da minha alma,
De onde não posso escapar.
É desmesurada a avidez
Que se desloca por mim acima,
Quer no verso, quer na rima,
Quer no medo dos momentos.
Trago algo neste instante,
Que se assemelha ao diamante,
Mas que não o posso polir.
Pobre de mim, minha natureza,
Que se move com destreza,
No deserto desta aridez.
Meus músculos se contraem
E dentro das minhas veias,
O sangue se escoa, se esvai.
E meus sentidos atentos
Às batidas do coração,
Sentem toda a compaixão
Que tenho dentro de mim.
Por fim ocorre uma lágrima,
Neste desaforo atrevido,
Que nem se faz anunciar.
Compareça aqui e agora,
O meu amigo e protector,
Para acabar com a minha dor
Que me custa a suportar.
E o porquê deste tormento,
Que em mim se movimenta
E que me deixa prostrada?
Neste assaz momento bravio,
Árido momento tardio,
Que não deixa a alma sorrir.
Meus dedos insistem em escrever
Palavras que jorram, sem nexo,
Que não são prosa,
Que não são verso,
Mas que ardem, dentro de mim.
Preciso de me encontrar
Neste instante tardio,
Onde se acoita meu ser bravio
Que se sente encurralar.
Lágrimas caem, de impotência,
Que entram por mim adentro
E que queimam como brasas,
Numa fogueira ateada,
Sem poder e sem medo.
Elas se contêm, por vezes,
E meu espírito se ressente,
Nesta vida descontente.
Com a cabeça a fervilhar
E a arder de emoções,
Rezo minhas orações
Para, de novo, me acalmar.
Não pedi este destino,
Este destino que existe,
E do qual ignoro o rumo
E do qual nem sei a rima.
Sinto apenas compaixão,
Ao não achar a minha razão
No deserto da minha aridez.

Aurora. Joaquina
25/05/2012