Que aridez, a que sinto
No âmago desta tristeza,
Que me assola,
Que me assusta,
Que assombra o meu
íntimo,
Cá dentro, no labirinto
Que cava dentro de mim.
É desde cedo o meu
credo,
A minha boca colada
Na raiz da minha alma,
De onde não posso
escapar.
É desmesurada a avidez
Que se desloca por mim
acima,
Quer no verso, quer na
rima,
Quer no medo dos
momentos.
Trago algo neste
instante,
Que se assemelha ao
diamante,
Mas que não o posso
polir.
Pobre de mim, minha
natureza,
Que se move com
destreza,
No deserto desta aridez.
Meus músculos se
contraem
E dentro das minhas
veias,
O sangue se escoa, se
esvai.
E meus sentidos atentos
Às batidas do coração,
Sentem toda a compaixão
Que tenho dentro de mim.
Por fim ocorre uma
lágrima,
Neste desaforo atrevido,
Que nem se faz anunciar.
Compareça aqui e agora,
O meu amigo e protector,
Para acabar com a minha
dor
Que me custa a suportar.
E o porquê deste
tormento,
Que em mim se movimenta
E que me deixa
prostrada?
Neste assaz momento
bravio,
Árido momento tardio,
Que não deixa a alma
sorrir.
Meus dedos insistem em
escrever
Palavras que jorram, sem
nexo,
Que não são prosa,
Que não são verso,
Mas que ardem, dentro de
mim.
Preciso de me encontrar
Neste instante tardio,
Onde se acoita meu ser
bravio
Que se sente encurralar.
Lágrimas caem, de
impotência,
Que entram por mim
adentro
E que queimam como
brasas,
Numa fogueira ateada,
Sem poder e sem medo.
Elas se contêm, por
vezes,
E meu espírito se
ressente,
Nesta vida descontente.
Com a cabeça a fervilhar
E a arder de emoções,
Rezo minhas orações
Para, de novo, me
acalmar.
Não pedi este destino,
Este destino que existe,
E do qual ignoro o rumo
E do qual nem sei a
rima.
Sinto apenas compaixão,
Ao não achar a minha
razão
No deserto da minha
aridez.
Aurora. Joaquina
25/05/2012