A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Thursday 18 August 2011

POBRE HOMEM RICO




Pobre do homem rico!
Porque ele desconhece,
Porque ele nunca entendeu
Que nu, igual, sem nada,
Despojado de riquezas,
Assim, um dia, nasceu.
E que terá tantas tristezas
Na vida que lhe trará surpresas.
E que tantas elas serão!
E que marcas lhe deixarão.
Serão profundas, inesperadas,
Como as, por si, espalhadas.
E que profunda será a dor
Se não encontrar o amor.
Escuta, rico pobre senhor.
Apenas terás falsos poderes
 Enquanto dinheiro houveres.
Terás barcos, casas, mulheres
E tudo o mais que quiseres.
Neste mundo te sentirás rei,
Mas sem trono, acima da lei.
Sem tropas para comandares
Mas com modestos a humilhares.
Acabarás, na penumbra, nas vielas,
Embriagado, à luz de velas.
Por atalhos, serras e serranias,
Buscarás amigos nas cercanias,
Até tua alma encontrares.
Tortuosos caminhos percorrerás,
Na luxúria onde errarás.
Terás mulheres exuberantes,
Do teu dinheiro, amantes.
E enquanto rico fores
Te ofertarão, até, flores.
Mas só enquanto tiveres sorte,
Ainda que não tenhas porte.
Com a vida de outros jogarás.
Com teus pés, os pisarás.
Humildes te suplicarão
Que lhes dês algum pão.
Contra a fome a lutarem
Para teus bolsos engordarem.
Tu, pobre rico, verás
Que sem nada, ficarás.
Porque, um dia, ela chegará,
O teu maior fantasma virá.
Chegará, de negro, vestida.
Carpideiras, fim da vida,
Nada vais poder fazer.
E morto te irás ver.
Poderás então perceber
Que havia uma outra porta
Que, à partida, cerraste.
Teu corpo outrora cuidado
Aos poucos se vai desfazendo
Exalando o fedor dos pobres
Que te serviram, sem banho,
Porque o teu sagrado dinheiro
Não o soubeste partilhar.
Triste sina, seres rico
Sem inteligência, em ação.
Passeaste a tua presunção
Entre feiras de vaidades.
Mas a vida é aprendizagem
E terás de voltar, um dia.
Voltarás como vassalo
E aprenderás a respeitar.
Terás nova oportunidade.
Preferirás ser trabalhador
Para encontrares o amor.
E, sem dinheiro, ser, senhor,
Poderás, por fim, ter valor.
Merecerás ser amado

POR: JOAQUINA VIEIRA

1/8/2011