Longa é a noite!
E a madrugada que não rompe.
Já nos cansamos de discursos,
De análises, explicações e promessas.
Ainda não deslindamos, por inteiro,
As causas visíveis e invisíveis,
Próximas e distantes,
De todo este desencanto que nos invade,
Espécie de Inverno sem sinais de vida.
Nem sabemos bem onde, nesta aritmética, estão os erros.
Que não sabe multiplicar os bens e dividir os males.
Já percebemos que quase tudo nos pode acontecer.
Com a humilhação prestes a romper o encanto,
Tudo parece cair, ao mesmo tempo.
Cada vez é menor a capacidade para o sonho.
Adquiriram-se hábitos, contraíram-se empréstimos, em afetos.
Criaram-se crises morais, insustentáveis.
E por aqui andamos, atordoados,
Sem sabermos como e quando tudo isto vai acabar.
E quem vai escapar deste vendaval,
Sem ter de mudar de vida e experimentar a solidão.
Nua e crua renuncia dos afectos essenciais a uma existência plena.
Independentemente da saída da crise temos de reaprender a viver.
Com a renúncia virá a procura quotidiana do essencial.
Há que pesar bem o lixo mental,
Aquele que se deita fora e o que se guarda.
Essa acumulação diária que é a causadora de tantas depressões.
Tudo isto nos levará a uma peregrinação interior,
Até que nos encontremos, a nós próprios.
12/01/2011
AUTORA: JOAQUINA VIEIRA