Solidão, amiga minha,
De entre todas, a maior.
Só tu me podes acompanhar,
E a tua mão me dares,
Quando sofro, no vazio.
E ajudas-me a pensar
Na humana condição,
Na precária existência.
É, contigo, solidão,
Que me consigo encontrar
E novos trilhos traçar,
Na minha precária
presença,
No tempo que me foi
cedido.
Infelizes, ai daqueles
Que nunca se detiveram,
Nem que fosse por um
instante,
Para pensarem na sua
pequenez.
Meus sentidos se
ausentam,
Quando rodeada de gente
Que me distrai e desvia,
Do meu dilema.
És tu, solidão,
Que me destapas o véu,
Para que me aperceba
Da jangada que ainda me
resta
Depois de naufragada
toda a armada.
Porque tudo me
desencanta,
No desencanto dos
vulgares,
E passado o tempo de me
dar,
De concorrer para o
grupo,
Chegou o tempo para
pensar,
E, só na tua companhia,
viver.
Viver na mente, com simplicidade,
Com o saber que procuro
Como único alimento.
Só ele me pode aliviar o
tormento,
Dos tempos duros de
Inverno,
Do Inverno do corpo
Mais duro que o do
tempo.
Que este passa e aquele
não.
Do que sou feita, não
sei.
Apenas sei, sem
hesitação,
Que pertenço a algo
maior
Nesta ou noutra dimensão
Que me alojou neste
plano.
Eu te saúdo, solidão,
Concubina, companheira,
Dos sonhos da minha
realidade.
Autora: Joaquina Vieira
23/01/2012
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