A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Thursday 13 January 2011

QUANDO EU MORRER


MEU TRAJE DE FESTA

Hoje não quero lembrar
O que a noite me fez sofrer.
Mas hoje, ao acordar,
Pensei que, um dia, vou morrer.
Será quando vestirei meu traje de festa
E quando tudo se manifestará.
Até aquilo que aprendi.
Vou, então, lembrar tudo
O que vivia em mim.
Dos raios de sol vou cegar,
De tudo me vou recordar,
Tudo irei entregar.
Meu corpo, vazio de nada,
Mesmo perdendo a cor da vida,
Vai comemorar a existência sentida.
Será percebido meu sorriso inteiro
Para quem comigo quiser festejar.
Para trás vou deixar só palavras.
Como tudo, nem elas me pertenceram.
Apenas se assomaram, se doaram.
De inatas, as deixarei, intatas,
Para quem as quiser viver.
Mas já não lembrarei,
Do que antes me fazia lembrar.
Ficarei satisfeita se ouvir alguém cantar
Ou até algo, sobre mim, declamar.
Estarei, ali mesmo, presente,
Atenta aos comportamentos.
Escutarei a minha voz,
Que ninguém mais escutará,
Dentro de mim a apregoar,
Que tudo o que vou legar
Será obra feita para o devir.
Vou então depor a máscara
E seguir o meu rumo,
Que será outra estrada.
A estrada que estava marcada,
Desde os primores do amanhecer.


AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

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