A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Saturday, 16 February 2013

HINO DA AMARGURA


Que uma brecha se abra,
Para que entre a razão.
Retirai-vos, lobos raivosos,
Alcateia de mentirosos,
Embaraçando a Nação.
Vós que passeais, eufóricos,
Encharcados em narcóticos,
Numa teia de neuróticos,
Nem vedes, lobos danados,
Que aqueles ao chão lançados,
Por vossos crimes dilacerados,
Numa alvorada, vos caçarão.
Levantai-vos, gente pacífica,
Experimentai a vossa força,
Escorraçando os vossos lobos.
Porque vos comem as entranhas
Entre roubos e patranhas,
No sofrer de cada dia.
Usai de igual aleivosia
E fazei-lhes, já, uma espera,
Enjaulando a besta, a fera.
Que se liberte o meu povo
Dessa desastrosa utopia
Que sua mente inebria.
A gente que vos amansa
É farta de cobardia,
É fraca de temperança.
Erguei o vosso escudo,
Hasteai o vosso estandarte.
A terra que vós pisais
Já pisaram os vossos pais.
As lágrimas que vós deitais
Porque são inúteis generais?
São lágrimas que desbaratais.
Porque vosso coração compassado,
Não arde de raiva, pela perfídia?
Forjais vossas ferramentas
E erguei o vosso altar.
Lutai com a arte de vossas mãos,
Com a força da vossa razão,
Para que os lobos não uivem mais.
Se vos unirdes, em comunhão,
Expulsareis os consentidos bandidos
Que, para sempre, serão banidos.
Picai-os com as vossas lanças
E deixai o sangue escorrer,
Livremente, de suas veias.
Deponham os vossos tiranos,
Aqueles que vos saqueiam
E que vos roubam até o pão.
Pensai em vossos filhos
Porque, um dia, eles chorarão.
Que ireis então fazer,
Quando os virdes morrer?
Quando lhes faltar a esperança,
Vereis lágrimas da criança
Que, desesperada, com fome,
Fechará o seu coração.
E será culpa de quem?
Dos pais acomodados,
Em suas poltronas sentados,
Esperando que a crise passe.
Mas ela se vai infiltrando
E vossos lares vai minando.
De bastião em bastião
Arrastará, pela rédea,
O povo que é o seu alvo.
Na revolta que me tortura,
Faço este hino de amargura
Que é um apelo à Nação.
Não lhes basta o que vos tiram.
Querem ainda o vosso coração,
Contundido pela desgraça,
Que ostentarão como troféu.
Porque permaneceis pasmados,
No tempo que passa, parados.
Forçai as entradas, trancadas,
E levantai a vossa razão.
O povo é raça, o povo é a força
Que pode mudar uma Nação.


Autora: Joaquina Vieira

05/12/2012