A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Thursday, 13 January 2011

MOMENTO DE ALMA - POEMA À VIDA




Não me sei guiar
Nesta aventura
Nesta amargura…
Deitada ao mar
Na vida,
Em sentimento.
Virtude que alimenta
O esquecimento….
Minha sombra,
Minha agonia,
Deixou-me, um dia.
Meus olhos de menina
Em ventos
A que me dei.
Na vida me banhei
Como canto de sereia,
Por mares, a entrar.
A vida,
Com lágrimas reguei.
Solos que encharquei
Nesta estrada
De secura,
A vida.
Nos amores que deixei,
Nos que encontrei,
Minha alma encontrou
Searas por ceifar.
Ao vento,
À tempestade.
Entreguei meu fruto por apanhar.
Neles larguei meus receios
Com medo de não saber amar…

09/12/2010


AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

MEU CORAÇÃO IMENSO



Imenso!
É meu coração.
Nele vejo doação
Ao encontrar a razão.
Sombras!
Que se abrem,
Rasgam.
Imenso!
É o espaço,
Batendo a compasso.
Perco-me na vastidão
Que é meu coração.
É o deserto
Deste bater incerto,
Acordes de melodia.
Imenso é pouco!
Falar de gratidão
Na imensa escuridão
Doutro mundo ou não.
Trago razão
De sentires….
Sentir meu coração
Para cobrir minha paixão
De viver com alegria
Outros sentires….
Eles se ausentam
Dentro do meu tempo

29/09/2010


AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

HOSPITAL


Sinais do tempo
Que o tempo arrastou.
Na memória do tempo
Sua cruz deixou.
Entre espaços vazios
Onde a mente se cruzou.
Pensamentos vadios
Que meu corpo limou
Em corredores vazios
Sem palavras que animassem.
Dentro do ventre
Queimam palavras vazias.
Batas brancas e azuis
Em mim empurram
Anseios que entorpecem.
Na precariedade do ser
Onde tudo para,
Onde os demais se olham
Com ternura e compaixão,
Num rio de emoção
Cruzam-se conversas,
Adversas no tempo.
Desinteresse rotineiro
Todo este sentimento.
Olhares que se perscrutam
Sem palavras para dizerem,
Neste ambiente insólito
Onde se esconde o medo.
Ninguém aqui escapa!
Aqui não interessa a poesia
Nem há paciência para a prosa.
Todos temos que estar juntos
Neste sentir de impotência.
O corpo cede,
O medo se instala,
A mente trabalha.
Nas mãos trémulas
Escorre o medo contido
Nestes momentos perdidos,
Neste espaço exíguo
Onde a esperança tropeça.
Calam-se as dores e alertas
Por trás de uma janela aberta
Por onde tudo possa passar.
Mas o tempo fica retido,
Dentro deste pensar,
Ou deste mal-estar,
Que é uma sala de estar
Dentro de um espaço vazio,
Que é um hospital.
Mas minha mente se ausenta
Para uma pradaria de flores,
Onde vivem outros amores,
Onde a saúde não falta.
O corpo, em forma, se manifesta
Entre alegria e uma festa,
Que é o milagre da vida.

18/11/2009


AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

POEMA À FELICIDADE



Todos a procuramos
Mas parece complicado encontrá-la.
Devido à forma errada da procura,
Dizem que a felicidade não existe
E que só existem momentos felizes.
Será impossível encontrar
Essa personagem utópica?
O mundo não é para ser disputado
Como se fora uma propriedade privada,
Mas sim para ser partilhado.
Nele existe lugar para todos,
Se nos despirmos da vaidade
E do desejo de ser o centro das atenções.
Instala-se então, em nós, a humildade
Que é privilégio dos grandes.
Só os medíocres não sabem isso.
Esses procuram fazer passar
Uma imagem de superioridade
Que é o estandarte dos vazios.
Vamos respeitar todos os seres.
Só assim crescemos espiritualmente.
Vamos aprimorar o nosso pensar
Que não somos donos da verdade.
Vamos respeitar o livre arbítrio.
Existem formas de chegar à felicidade!
Acompanhem este meu raciocínio:
-Caminhemos, lado a lado, com um amigo
Para o pudermos ajudar ainda mais;
Devemos sorrir, sempre, para alguém;
Um sorriso espontâneo e sincero
Deixa feliz quem o recebe;
Falemos de coisas boas
E tentemos ver o lado bom das pessoas;
Nunca falemos de erros do passado;
Quando nos faltar a calma
Respiremos fundo, não fazendo nada
De que nos possamos arrepender;
Esqueçamos a inveja e a ingratidão
Que trazem sentimentos de amargura.
Isto vem da aprendizagem
E vale a pena tentar.
Se inserir estes pensamentos
Na sua vida diária,
A sua autoestima vai melhorar
E sua vida também.
Para achar esta personagem
Chamada felicidade,
Vamos procura-la não como um fim
Mas como um caminho.
Assim ela se tornará mais acessível.

SEJAM FELIZES

AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

RETRATO PSICOLOGICO



Apareceste do nada,
Da bruma do momento.
Eu te olhei,
Tu me olhaste.
Por momentos me retive
No pensar e na aparência.
Mas o momento terminou
Onde devia começar.
Então minha mente repousou
No meu descontentamento.
Esperei que ficasses!
No momento nem pensei
Que, nem sequer, tinha certezas.
És um rio que vai descendo
Ao sabor de cada momento.
Tens tal grandeza de alma
Que vale mais que toda a incerteza.


AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

RECADO PARA TI




É hora de marchar
Por dentro de pradarias.
Fazer do caminho uma ode
E, dos teus braços, meu ninho.
Quando sobreveio a tua crise
Estava eu na meia-idade.
Por ela passei, solitária.
Pensamentos tumultuosos,
De repente, me assombraram.
Enquanto tu marchavas, ocupado,
Não te deste conta do que senti.
Enquanto travava uma batalha,
Jovem e de peito aberto, aceitei
Uma crise fora da idade.
Abracei-a, com muita ansiedade.
Nunca desejei ter que atravessar
O deserto da mutação.
Tudo, em mim, mudou:
Meu corpo;
Minha mente;
Meu coração.

AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

QUIETUDE





Sinto em mim a quietude
Que me devolve a juventude.
Com o tempo a conquistei.
Tenho-a num lugar de eleição
Onde ninguém pode entrar.
Para ela mandei construir um castelo,
Com muralhas de espantar,
Com soldados a vigiarem.
Moramos num lugar altaneiro,
E não existe um primeiro
Que o consiga alcançar.
Levou comigo o seu tempo
E proclamou ao vento
Que não me deixará derrubar.
Há mentes feridas que atiram
Pedras para nos alvejarem.
Mas estamos num ponto cimeiro.
Os outros, os que nos tentam afrontar,
Muito pouco podem contar.
Já ninguém nos pode separar.
Despego-me dos fragmentos,
Que trocarei por momentos
Desta quietude, meu lar.

07/08/2010

AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

QUANDO EU MORRER


MEU TRAJE DE FESTA

Hoje não quero lembrar
O que a noite me fez sofrer.
Mas hoje, ao acordar,
Pensei que, um dia, vou morrer.
Será quando vestirei meu traje de festa
E quando tudo se manifestará.
Até aquilo que aprendi.
Vou, então, lembrar tudo
O que vivia em mim.
Dos raios de sol vou cegar,
De tudo me vou recordar,
Tudo irei entregar.
Meu corpo, vazio de nada,
Mesmo perdendo a cor da vida,
Vai comemorar a existência sentida.
Será percebido meu sorriso inteiro
Para quem comigo quiser festejar.
Para trás vou deixar só palavras.
Como tudo, nem elas me pertenceram.
Apenas se assomaram, se doaram.
De inatas, as deixarei, intatas,
Para quem as quiser viver.
Mas já não lembrarei,
Do que antes me fazia lembrar.
Ficarei satisfeita se ouvir alguém cantar
Ou até algo, sobre mim, declamar.
Estarei, ali mesmo, presente,
Atenta aos comportamentos.
Escutarei a minha voz,
Que ninguém mais escutará,
Dentro de mim a apregoar,
Que tudo o que vou legar
Será obra feita para o devir.
Vou então depor a máscara
E seguir o meu rumo,
Que será outra estrada.
A estrada que estava marcada,
Desde os primores do amanhecer.


AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

QUANDO APARECESTE



 Quando apareceu na minha vida
Trazia consigo a juventude, intacta.
De uma generosidade sem tamanho,
Mas com tal sofrimento implantado.
Roubada que foi a sua juventude,
Por muros e janelas sem grades
Onde a ordem não era contestada.
O seu sonho de ser menino já se perdera.
De tão indefeso quase me assustou!
Eu própria, que vinha do nada,
Tudo tinha para lhe dar.
Ele trazia consigo uma história,
Dolorosa de contar.
Desde o primeiro momento
Que aquele Apolo estátua ao vento,
Com um corpo de invejar,
Era tudo o que eu procurava.
De mãos dadas percorremos
O mundo que imagináramos.
Opostos, mas amantes no sentir.
Ele racional, matemático, filósofo,
Eu sonhadora, protetora, espiritual.
Formámos o par ideal.
Mas o padecimento aguardava,
Para o voltar a marcar,
Com ferocidade inaudita.
A guerra, de mim, o levou
A ele quase o ceifou.
Voltámos, por missão,
Ou pela mão do destino,
A reencontrar-nos.
Nunca mais seria o mesmo.
Vieram, furtivamente,
As diferenças interporem-se.
Acabaram por criar fossos
Difíceis de transpor.
À medida que ele mudava,
Eu, no meu mundo, me fechava.
Sem nada para lhe poder dizer,
O tempo foi passando.
Outra história eu ia criando,
Até descobrir a poesia.

AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

POETA POR ACASO


Não sinto inspiração!
Ausentou-se, de momento.
Onde estou agora?
Num lugar abrangente.
Excito a inspiração
Mas ela tarda em chegar.
Com ela consigo meditar
E, até, fazer rimas.
Quero acertar no alvo
Como flecha para cima.
Não encontro um tema
Que fique bem, em verso,
Mesmo sabendo que, no mundo,
Há assuntos diversos.
Mas que enfado,
Não ter imaginação,
Para fazer de um verso
Uma melodiosa canção,
Ou um resignado fado.
Como isso me entedia
E quase me abate.
É horrível não poder pensar!
Mas eis que, de repente, surgem
Pensamentos sem tema.
Se estas frases vou escrevendo,
É porque algo foi nascendo.


AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

POESIA




Poesia!
Palavras sopradas ao vento,
Soltas no tempo.
Como na esfolhada,
Há muito aguardada,
Elas se libertam.
Fantasias inventadas,
Com meias verdades,
Onde vivem conveniências.
Palavras ensaiadas
Onde se escondem verdades.
Poesia é, também,
Sentimento,
Verdades do tempo,
Sementes do pensamento.

AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

POEMA PARA TI




Contemplo teu rosto sorridente
Desnudo a tua timidez natural.
Só eu intuo o que sentes,
Só eu sei o que te vai na alma.
Mas, quando, ao despertar,
Apalpo o teu lugar vazio,
É a mim que contemplo,
E a mim que vejo só, sombria.
Falta-me quem devia, comigo, estar.
É no silêncio escuro da noite
Que confundo os dias bem vividos.
Amor, recorda esses tempos idos,
Por eles te rogo que voltes,
Antes que nasça mais um dia.
O mundo, lá fora, vai recomeçar
O nosso amor deve renascer.
Ele pede para ser habitado.

27/01/2010

AUTORA: JOAQUINA VIEIRA


MOMENTO DE ALMA - A CULPA



Chegaste a este mundo, desabrido.
Na tua luta solitária, dentro do ventre,
Já tiveste que te bater pela vida.
Mas encontraste o caminho.
Ao chegares, deram-te prendas.
Todos te receberam, agradecidos.
Com festejos.
Mas tu não sabes, ainda,
Se foste desejado, ou se foste um acaso.
O que te espera, um dia o saberás.
No teu desabrochar inocente
Distribuis sorrisos, a toda a gente.
O que hoje tens, não o terás, por certo, amanhã.
Teus pais podem separar-se.
Assim, serás empurrado de vida para vida,
Dentro de relacionamentos, com pessoas diferentes.
Tu, que não intervieste,
 Um dia, o que irás lembrar?
Teus pais não sabem que és um ser divino!
Que viste experienciar.
O que hoje tens de mais belo, será esquecido.
Serás empurrado, sem afetos, pela vida.
Alguém te dirá que a culpa é dos tempos!
Será que é assim?
Culparás a vida? Os teus pais?
Nunca permitas que te culpem.
Por teres nascido!


AUTORA: JOAQUINA VIEIRA