A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Thursday, 13 September 2012

MOMENTO DE ALMA – ROSA LOBA, LOBA ROSA


Tenho, em mim, um lado de rosa
Que coabita com um lado de loba.
Se foi assim que me quiseram,
Será assim que é o meu ser?
E nesta prosa à humanidade,
Conto as faces que julgo ter.
Vem o instinto, de longe,
Com o coração repleto
De mil e uma analogias,
Criadas por minha mente
E plenas de alegorias.
De repente vem a rosa,
Proclamar o seu lugar.
A seguir é a vez da loba,
Seu instinto é o de lutar.
E ela, entre os humanos,
Tantos deles piores que lobos,
Seus mundos quer desafiar.
Até que a rosa, perfumada,
Entra pela porta adentro,
Para ocupar o seu lugar.
À mesa se vem sentar.
E sobe a escada, formosa,
Deixando o ar enfeitado.
É o seu perfume de rosa,
É o meu lado delicado.
A loba que vagueia, sozinha,
Enfrenta os seus inimigos
E até alguns seus amigos,
Os que a sitiam, no seu trilho.
Ela tem os seus direitos
Que, para muitos, são defeitos.
Com algum amor e cuidado,
A loba será uma aliada.
E percorre as serranias,
Uivando nas ventanias,
Hibernando durante os frios.
Mas tem, também, o seu dom.
Em alcateia é companheira,
Mais unida do que o homem.
A loba que nunca guerreia
É, por natureza, ordeira,
Honrando os seus extremos.
Que tamanha desigualdade
Há entre a loba e a rosa.
A loba é perseguida,
Quando a rosa é seduzida.
Mas as duas são seres
Dentro do mesmo ser,
Perfeitas na natureza.
É nelas que eu me revejo.
Tenho, em mim, os dois lados
E me revejo em cada um deles.
Serei a rosa perfumada,
Como ela, conquistadora.
Mas num meio de discórdia
Mostro o meu lado de loba.
Qual delas será o melhor?
Serão eles partes de um todo?
Será que posso ser rosa,
Será que posso ser loba?
A rosa loba no meio dos homens,
A loba rosa na alcateia?
Ao defender-se dos lobos homens
E porque sendo seus desiguais,
Desperta a loba, guerreira.

Autoria : Joaquina Vieira

13.09.2012