Tenho, em mim, um lado
de rosa
Que coabita com um lado
de loba.
Se foi assim que me
quiseram,
Será assim que é o meu
ser?
E nesta prosa à
humanidade,
Conto as faces que julgo
ter.
Vem o instinto, de
longe,
Com o coração repleto
De mil e uma analogias,
Criadas por minha mente
E plenas de alegorias.
De repente vem a rosa,
Proclamar o seu lugar.
A seguir é a vez da
loba,
Seu instinto é o de
lutar.
E ela, entre os humanos,
Tantos deles piores que
lobos,
Seus mundos quer
desafiar.
Até que a rosa,
perfumada,
Entra pela porta
adentro,
Para ocupar o seu lugar.
À mesa se vem sentar.
E sobe a escada,
formosa,
Deixando o ar enfeitado.
É o seu perfume de rosa,
É o meu lado delicado.
A loba que vagueia,
sozinha,
Enfrenta os seus
inimigos
E até alguns seus
amigos,
Os que a sitiam, no seu
trilho.
Ela tem os seus direitos
Que, para muitos, são
defeitos.
Com algum amor e
cuidado,
A loba será uma aliada.
E percorre as serranias,
Uivando nas ventanias,
Hibernando durante os
frios.
Mas tem, também, o seu
dom.
Em alcateia é
companheira,
Mais unida do que o
homem.
A loba que nunca
guerreia
É, por natureza,
ordeira,
Honrando os seus
extremos.
Que tamanha desigualdade
Há entre a loba e a
rosa.
A loba é perseguida,
Quando a rosa é
seduzida.
Mas as duas são seres
Dentro do mesmo ser,
Perfeitas na natureza.
É nelas que eu me
revejo.
Tenho, em mim, os dois
lados
E me revejo em cada um
deles.
Serei a rosa perfumada,
Como ela, conquistadora.
Mas num meio de
discórdia
Mostro o meu lado de
loba.
Qual delas será o
melhor?
Serão eles partes de
um todo?
Será que posso ser rosa,
Será que posso ser loba?
A rosa loba no meio dos
homens,
A loba rosa na alcateia?
Ao defender-se dos lobos
homens
E porque sendo seus
desiguais,
Desperta a loba,
guerreira.
Autoria : Joaquina Vieira
13.09.2012