Encontrarei o
meu caminho
No sentido do meu
pensamento?
Por vezes penso
E volto a pensar.
Penso até me esgotar,
Sem que me possa
encontrar.
É só neste meu tempo
Que disponho de tempo,
Que é o prazo para
pensar.
Por isso eu me
interrogo
Sobre o tempo que me
resta
E o valor que ele terá
E o que ele me poderá
dar.
Não sou dona de mim
Nem do tempo que passa.
Subo ao topo da minha
montanha
Para, lá do alto, me
interrogar.
E também aí encontro
pessoas
Sem tempo para me darem.
Todos se inquietam e
agitam.
Mas é no meio da
agitação
Que eu encontro o meu
lugar.
Pertenço ao tempo e ao
vento,
Pertenço ao meu pensar.
Penso que o meu tempo
Vale mais que o meu
lugar.
Sou meramente o que
penso
Na amplidão do meu
pensar.
Meu corpo já não me obedece
Mas minha mente está
activa
Porque não cessa de
pensar.
Agradeço a todos os
deuses,
Passados ou por
destapar,
Que me deram este tempo
Para eu me poder
contestar.
Junto-me a outros
pensadores
Que por aqui viveram e
penaram
E que, como eu, pensaram.
Passaram mas nada
levaram.
Mas deixaram as suas
obras
Forjadas por seu
pensamento,
No tempo que foi o seu
tempo,
O tempo para pensarem.
E tudo o que eles
pensaram,
No tempo em que viveram,
É o que serve para
amaciar
O tempo em que eu
habito.
Se meu coração pudesse
ser
Uma borboleta colorida,
Eu voaria para colorir
Um outro qualquer lugar
Para além deste lugar.
Aqui onde me encontro,
Só encontro sofrimento
Para alimentar meu
pensar.
Minha alma vive inquieta,
Assim triste,
consternada,
Por não se saber
encontrar.
AUTORA: JOAQUINA VIEIRA
4/5/2005