A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Tuesday, 12 June 2012

ALMA INQUIETA





































Encontrarei o meu caminho
No sentido do meu pensamento?
Por vezes penso
E volto a pensar.
Penso até me esgotar,
Sem que me possa encontrar.
É só neste meu tempo
Que disponho de tempo,
Que é o prazo para pensar.
Por isso eu me interrogo
Sobre o tempo que me resta
E o valor que ele terá
E o que ele me poderá dar.
Não sou dona de mim
Nem do tempo que passa.
Subo ao topo da minha montanha
Para, lá do alto, me interrogar.
E também aí encontro pessoas
Sem tempo para me darem.
Todos se inquietam e agitam.
Mas é no meio da agitação
Que eu encontro o meu lugar.
Pertenço ao tempo e ao vento,
Pertenço ao meu pensar.
Penso que o meu tempo
Vale mais que o meu lugar.
Sou meramente o que penso
Na amplidão do meu pensar.
Meu corpo já não me obedece
Mas minha mente está activa
Porque não cessa de pensar.
Agradeço a todos os deuses,
Passados ou por destapar,
Que me deram este tempo
Para eu me poder contestar.
Junto-me a outros pensadores
Que por aqui viveram e penaram
E que, como eu, pensaram.
Passaram mas nada levaram.
Mas deixaram as suas obras
Forjadas por seu pensamento,
No tempo que foi o seu tempo,
O tempo para pensarem.
E tudo o que eles pensaram,
No tempo em que viveram,
É o que serve para amaciar
O tempo em que eu habito.
Se meu coração pudesse ser
Uma borboleta colorida,
Eu voaria para colorir
Um outro qualquer lugar
Para além deste lugar.
Aqui onde me encontro,
Só encontro sofrimento
Para alimentar meu pensar.
Minha alma vive inquieta,
Assim triste, consternada,
Por não se saber encontrar.

AUTORA: JOAQUINA VIEIRA
4/5/2005