A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Thursday 1 December 2011

RIOS QUE NASCEM


Rios de lágrimas
Escorrem,
Entre montanhas.
Desertas.
Regam a minha floresta.
Lágrimas doces ou salgadas
São prementes, semeadas
Dentro dos sentimentos.
Furtiva é a lágrima
Que desce, lentamente.
Alimenta minha mente
No sufoco calado.
Ela, lentamente,
Desce, sem parar.
Alimenta, de sofrimento,
Rios de lágrimas,
Fontes de emoção
Que se resguardam,
Dentro do coração.
No rio que resvala,
De dentro da minha vida,
Com cor e harmonia,
Choro de tristeza,
Choro de alegria.
Em meu rio vou fazer
Um seguro ancoradouro.
E banharei meu tesouro,
Poesia desfolhada,
Em lágrimas banhada.
O que vem, de dentro,
É um rio amplo, sedento.
Ele alarga, nas alvoradas,
Nesta vida que é a minha.
No deserto do tempo
Criei a semente,
Por meu rio, regada.
Ela cumpriu o seu trilho,
Com seu lamento,
Levando-a outro rio,
Rio que te abres
Entre portas,
Escancaradas.
Pela madrugada,
Tu me vens visitar,
Dentro do meu sonho,
Na minha cama deitada.
Sonho, em ti, suada,
Com a roupa molhada.
A vida assim o traçou:
Que meu rio escorresse;
Que tudo ele me desse;
Que, nele, as magoas afogasse.
Quero, em ti, meu rio,
Minhas lágrimas reter
Para, em espelho de água,
Minha face poder beijar.


POR JOAQUINA VIEIRA