A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Friday, 23 December 2011

PERDIDA NA NEBLINA


Olhas o horizonte, menina,
No meio do nada, sozinha,
Entre o verde e a neblina.
Cai a chuva, de mansinho.
Ausente, nos teus pensamentos,
No meio do nada, nada sentes.
Assim estavas, menina, bela,
Por maus pensamentos, tomada.
Quem foi que te decepcionou,
Porque estás, assim, triste?
Ainda és apenas uma menina
E que tempos de alma já vives.
Tormentos, lamentos,
Momentos de solidão.
Olhando para a vastidão,
Saberás que, em teu peito,
Ainda bate um coração?
No meio do nada, perdida,
Pensas, só, nas partidas da vida.
Quem para a rua te atirou,
Quem teus sonhos roubou?
Dóis-me, de tão frágil, pequenina.
Cercada pela solidão,
No meio dessa neblina,
Serás, apenas, uma miragem?
De tudo alheada, ausente,
Nada há que te faça frente.
Ali, sozinha, tu não meditas,
Não avalias a natureza,
Nem, com ela, te misturas.
Para além do teu olhar,
Num infinito, sem fim,
Estarás só a apreciar
A obra, por Deus, criada?
Tudo, em ti, se mistura,
 Para te dar esse ar frágil,
Triste, afastado, distante.
Bem para lá do instante,
O que te passará pela cabeça?
Sonharás com um cavaleiro
Que aparecerá, das brumas,
Montando um cavalo branco?
Ele te levará, na sua montada,
Para bem longe dessa apatia
Onde tu, menina, formosa,
Te encontras, perdida, tristonha,
No meio dessa neblina,
Neste dia de chuva, teimosa,
Que cai mansinha, miudinha,
Molhando a tua solidão, menina
Formosa, tristonha, perdida.

Autora: Joaquina Vieira
11/12/2011