A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Saturday, 17 March 2012

SEMENTE A SEMENTE


Vou vivendo, mansamente,
Semente a semente,
Passo a passo.
Rascunho e passo
Para o livro da vida.
Sorrio, com juízo,
Às folhas, secas, deste dia.
Enchendo os vazios,
Cedidos pela ausência...
Matizo com cores,
As vestes da alma.
O coração que se acalma,
Apenas porque vou vivendo,
Mansamente,
Semente a semente.
Solto o sono escondido
E, no esconderijo da noite,
Mergulho, mansamente.
E dentro do tempo que há,
Tempo que há para viver,
Que sinto a alma arder.
Matizo o seu quadro, a cores,
Com doces e flores,
Dentro do meu sentir...
Mansamente,
Semente a semente.
Gozo o meu dia,
O dia que vem, dia a dia,
Mansamente.
Palavras sadias
Que me alegram a vida
E que me fazem viver,
Mansamente.
Semente a semente.
Semeando a minha vida e,
Compondo, no meu tempo,
O tempo que me julgará.

AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

18/03/2012

MOMENTO DE ALMA - NÃO, HOJE NÃO!



Não quero!
Não quero sentir a dor,
Não quero perder a razão.
Se são palavras proibidas,
Proíba-se, então, a dor,
 Mas não se proíba a razão. 
Quero que me falem do tempo
E da noite libertina.
Se nas asas do conforto,
Proíba-se o desconforto,
O desconforto da dor.
Quero que me falem do mar,
Pois quero escutar as ondas,
As ondas do mar que assentam
Em fragmentos de espuma
Que não conhecem a dor.
Quero que me falem da vida!
Da tua, da minha, da nossa,
De quem comigo se cruza
Na borda dos penhascos,
Dos penhascos da dor.
Análogos os caminhos
De relações já vividas,
Em outros tempos,
Com outras dores.
De outros alvoreceres,
Palavras ao ouvido,
É isso que quero escutar.
Que me activem os sentidos,
Sem limites, até ao infinito,
Na rota da ilusão.
Mas é proibido,
E eu não quero,  não!
Que me falem da dor.
Não, hoje não!

AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

18/03/2012