A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Monday, 28 March 2011

MOMENTO DE ALMA - A MINHA ESTRADA



Porque, outra, nunca tentara,
Nunca me perdi na minha estrada.
Um dia, repousava nela, cansada.
Foi então que um canto de pássaro
Vindo do silencioso infinito,
O meu ouvido tocou.
Por mim chamava e me mostrava
Outro caminho, outra jornada.
Nunca dera pela sua presença
Mas ela, aquela estrada,
Sempre ali estivera, parada.
Intrigada, caminhei-a,
Até me deter, esgotada.
Vigilantes, meus olhos abertos,
Numa floresta se detiveram.
À mercê do destino,
Desarmada, confiante,
Escutava os sons, os silêncios.
Com o coração desfraldado
E meus sentires alvoroçados,
A alma despertou-me desígnios.
Eu, viajante do tudo e do nada,
Percorria a minha traçada estrada.
Diante do mundo, ausentada,
Como ancora libertada,
Observava o Universo,
Do qual me sentia parte.
Até que meus pés me levaram.
Agora, tenho comigo uma dança,
Neste mundo de esperança.
Será eterna a minha mudança.

Por: Joaquina Vieira

10/03/2011

MOMENTO DE ALMA - AS MÃOS


Mãos que trabalham,
Que labutam durante a vida.
Que acariciam os maus tratos
E se aquietam, quando felizes.

Mãos calejadas ou frias,
Elas lançam a semente,
Dão amor, dão carinho,
A quem esteja carente

Mãos amigas se estendem,
Para alem das palavras.
Trazem consolo, abrigo,
Num abraço se prendem.

Mãos que falam, com gestos.
Sejam pequenas ou grandes,
Na tristeza ou em festa,
Elas podem ser brandas

Mãos que cometem crimes,
Mas que sabem dar mimos.
Elas, no trabalho, são firmes,
Despachadas, nervosas, agitadas

Ameaçadoras, num gesto de raiva
Podem ser firmes e potentes.
Com elas se ajuda a viver
Mas a sua força maior é acariciar

Quando em contacto com o corpo
Elas nos fazem sonhar.
Entram e saem, em liberdade.

No mundo sabem plantar
Sementes do verbo amar.
Guerreiras, por natureza,
Vão edificando o mundo,
Construindo cidades, vilas, ruas

Elas fincam-se, por amor,
E acariciam a criança rebelde.
Duas mãos são o que basta,
Para tornar a vida mais amena

Por: Joaquina Vieira

20/02/2011

MOMENTO DE ALMA - DIVAGANDO



Meu físico em plena apatia,
Cria laços com o tempo.
Neste dia cinzento,
Onde dormem, ao relento, pessoas sem destino.
Eu, sentada, aconchego minha roupagem,
Como quem está de passagem.
É a monotonia o que trespassa a alma citadina.
São os agasalhos que esvoaçam na brisa fria.
São pessoas apressadas que se cruzam com semblante mudo.
Nestas horas e dias frios conforta ter um amigo.
Para trocar um olhar secreto.
Ver no outro os seus gestos.
Por vezes, um pensar errante,
Mãos que se movimentam.
Palavras que ficam paradas para lá do olhar.
A isto eu chamo intimidade.
É este sentir, presente na mesa do café, que me sustenta
A alma esguia e atenta, entre olhares e gente.
Leva-me a viver de maneira diferente.
Aqui sentados, frente a frente,
Cada qual no seu mundo, os dois estamos,
Em nossos mundos mentais, onde não entram os demais
Mas por onde passam, por vezes, muitos vendavais.
Por: Joaquina Vieira


23/12/2010