Entre o teu e o meu olhar
Habita a infinita escuridão.
Quem, enfim, somos nós
Nesta perdida imensidão?
Meus olhos, nos teus poisados,
Os teus, nos meus, mergulhados,
Procurando uma explicação.
Por trás da tolerante cortina
Cobre-nos uma luz, que ofusca.
Através dela, espreitamos,
Procurando um caminho.
Aventureiros, como sempre,
Avançamos, no desconhecido.
Para trás ficaram os recados,
Da nossa lembrança, passados,
Em que ambos navegámos
E na esperança remávamos.
E nos instantes que semeámos
Esperamos o que está para vir.
Nossos olhos vendados
Num jogo de meretriz
Entre o verde o amarelo.
Amassámos, com nossas mãos,
Um futuro de paragens
Onde poderemos repousar.
Nos segredos de cada um
Navega um barco desnorteado.
Virá a ventania, o nortear?
Se eu fosse a tua ninfa,
As velas levantaria,
O barco, pilotaria
E, de teu corpo, trataria.
Porque más são as situações
Que tens vindo a enfrentar.
Nesse teu ancoradouro,
Nesse teu templo ancorado,
Entrarei, por ele adentro,
Com um bálsamo na mão.
E curarei as tuas feridas
E aliviarei teu coração…
AUTORA: JOAQUINA
13/01/2012