A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Saturday, 18 December 2010

RIO DA ALMA - POBREZA



23/04/2005
Pobre é o que, dentro de si, nada sente.
Não é deste mundo. Nem do outro.
Todo aquele que está depositado
Vai morrer, adormecido, no seu leito.
Do infinito vem a esperança
Deste mundo o sofrimento.
Algures estará a liberdade do ser.
Aos deuses só peço que zelem por mim.
Solidão que entorpeces
Todos os que de ti não podem escapar.
Como surdos correm
E prendem-se no labirinto dos mitos.
De humanos, nada têm.
Mas massas se movem
No movimento do sofrimento.
E perdem-se. E revoltam-se.
Da ganância fizeram suas bandeiras
Da vida tudo perderam.
Não souberam reencontrar-se.
Nada encontraram. Nada deixaram
Neste espaço temporário
Que lhes foi concedido
Neste planeta vibrante.

RIO DA ALMA - MOMENTOS DE SOLIDÃO




 25/07/2010
Dias sombrios!
Mas minha vontade resiste
Na sombra da alegria.
Mesmo nos dias tristes
Eu só quero acreditar
Que não vivi, em vão.
Amei e fui amada.
Momentos de solidão!
Hoje nada, em mim, brilha.
Tudo me parece triste.
Já não vislumbro maravilhas.
Mas o mundo resiste. E persiste.
Há dias, por mim, a passar.
No planeta. Em mim.
Já deixei minha pegada
Para o futuro que há-de vir.
Quero mais, muito mais
Desta vida que está a passar
Por mim. Pelos demais.
Ela me forçou a entrar
Nos momentos de ternura
Que vieram com a idade.
Deixei, para trás, a juventude
Acolhi a maturidade.

RIOS DA ALMA - CHUVA QUE DANÇA




2/12/2010
Do meu começo
Minha lembrança
Na chuva que dança
Que bate na porta
Que assobia ao vento.
Em ruas e cidades
Meu corpo dançou
Uma dança ao luar.
Meus lábios que beijaram
Com palavras conquistaram
Uma vida vadia.
Apaguei da memória
Os triunfos de outros dias.

RIOS DA ALMA - NA MAGIA DO TEMPO




 8/08/2010

Foi na magia do tempo
Onde encontrei a arte,
Meu canto, meu espanto.
Meu movimento é singular
Quando consigo criar.
E comigo me encanto.
Admiro a beleza do canto,
Dentro de mim, a ecoar.
Descobri, em mim, o lugar
Onde me posso refugiar
Para a minha arte brotar.
Não sei se me sopram ouvido
Ou se sou eu a acreditar
Que alcancei o meu lugar.
No ambiente circundante
Não me deixo levar
Por conversas de comadres.
E só posso anuir 
Que não entendo querelas
E que não entro nelas.
Deixei para trás os apertos
Dum tempo de emoções.
Encontrei a minha razão,
O meu tempo de existir.
Ainda me atraiçoa o coração
Que está preso por laços
Construídos num espaço
Onde, agora, sou livre