Estou partida e de
partida
Para achar quem me
abrace.
Se me olhares, bem de
perto,
Sentirás a minha fresta,
Por onde sai a
necessidade.
Necessidade de um
abraço,
De um abraço, sem
pressa.
Sentiras o cheiro a
jasmim,
Não porque seja uma
flor,
Mas por ser, apenas, mulher,
Que verte lágrimas de
dor.
Nunca fui uma relíquia
A que dessem grande
valor.
Apenas desejo um abraço,
Daqueles abraços
profundos,
Que fizesse com que os
mortos,
Regressassem de outros
mundos.
No vácuo existe o
espaço,
Dentro de mim a saudade.
Saudade de um abraço!
Dentro do meu cansaço,
De esperar, tanto por
ti,
Sou hoje, apenas, o
toque,
Neste minuto, nesta
hora,
Em que minha alma chora,
Da ausência de um
abraço.
Sei, agora, que é hora,
De me despedir de ti
E da Terra.
Terra que me viu
E não se apercebeu,
Que, de mim, não se
compadeceu.
Devagar me vou rasgando,
De mansinho me vou
partindo,
Deste amor inexistente,
Desta coragem, seca
nascente.
Deixo a alegria, a
corrente,
Que, por aqui, me
aprisionou.
Nem sequer eu sei quem
sou,
Nem quem aqui me
prendeu.
Sinto ainda o beijo
percebido,
Com pressa, a rasgar-me
o sorriso.
Já é tarde, tenho que
partir,
Que já marquei outro
encontro,
Onde um abraço me
espera,
Nos braços de um outro
amor.
Autora: Joaquina Vieira
17/05/2012