A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Thursday, 17 May 2012

MOMENTO DE ALMA - O ABRAÇO


























Estou partida e de partida
Para achar quem me abrace.
Se me olhares, bem de perto,
Sentirás a minha fresta,
Por onde sai a necessidade.
Necessidade de um abraço,
De um abraço, sem pressa.
Sentiras o cheiro a jasmim,
Não porque seja uma flor,
Mas por ser, apenas, mulher,
Que verte lágrimas de dor.
Nunca fui uma relíquia
A que dessem grande valor.
Apenas desejo um abraço,
Daqueles abraços profundos,
Que fizesse com que os mortos,
Regressassem de outros mundos.
No vácuo existe o espaço,
Dentro de mim a saudade.
Saudade de um abraço!
Dentro do meu cansaço,
De esperar, tanto por ti,
Sou hoje, apenas, o toque,
Neste minuto, nesta hora,
Em que minha alma chora,
Da ausência de um abraço.
Sei, agora, que é hora,
De me despedir de ti
E da Terra.
Terra que me viu 
E não se apercebeu,
Que, de mim, não se compadeceu.
Devagar me vou rasgando,
De mansinho me vou partindo,
Deste amor inexistente,
Desta coragem, seca nascente.
Deixo a alegria, a corrente,
Que, por aqui, me aprisionou.
Nem sequer eu sei quem sou,
Nem quem aqui me prendeu.
Sinto ainda o beijo percebido,
Com pressa, a rasgar-me o sorriso.
Já é tarde, tenho que partir,
Que já marquei outro encontro,
Onde um abraço me espera,
Nos braços de um outro amor.

Autora: Joaquina Vieira

17/05/2012