A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Monday, 24 September 2012

ALMA GÉMEA


Descia da Lua, inquieta,
E meu destino era incerto.
Cairia no mar, no deserto,
Haveria alguém por perto?
Mas a meio da aventura,
Avistei, no espaço celeste,
Um vulto, irradiando luz,
Que, para a mim, se dirigia.
E, nas escuridões, se fez dia.
Eras tu, meu companheiro,
Em expedição, à minha procura,
Buscando-me na noite escura.
Também tu, orbitavas, perdido,
No infindo espaço sideral.
Procuravas a outra alma,
A alma gémea, à tua igual,
Que te completasse,
Que já, por ti, clamasse,
E que, advindo o sofrimento,
Te assistisse e acalmasse,
E dividisse o duro momento.
Eu, que também me transferia,
Na Terra, vinha indagar.
Procurava a quem pudesse amar
E que, também, me consolasse.
E que, nos imprevistos da dor,
Nos braços, me suportasse,
E que, com força, me abraçasse,
Vestindo-me, com seu afeto.
E fora do vácuo que há na Lua,
E já na vida que há na Terra,
Avistei uma mata de pinheiros,
Com sombras frescas,
E adoçados cheiros.
Na mata me embrenhei,
E uma clareira encontrei,
E uma fogueira ateei.
Eu queria que os seus fumos,
Sinais que para o céu enviava,
Sinais de fé e de esperança,
Fossem, por ti, descobertos.
E destino, se ali pousasses,
Serias o meu companheiro,
Aquele que vim procurar,
E que fizesse parte de mim.
Isso. Teres o Tudo, em ti.
Codificaste a minha vivência
E ficaste na minha existência.
Em ti me perco, em união.
És a folha caída no chão,
És todo o meu Outono,
És o meu inteiro Verão.
É, em ti, minha folha caída,
Que eu me reinvento e me fico.
Nas Primaveras da vida,
Tu, sempre, voltas para mim.
Com toda a força e certeza
De que tudo o quanto vivemos,
O recriamos em nossos sonhos,
Como seres vivos, sonhadores.
Situa-se no Universo,
A Força que nos uniu.
Éramos dois seres alados
Que, no céu, esvoaçávamos.
Vinhamos dos primórdios da criação
Para, na Terra, cumprirmos missão.
Ainda hoje, como sinto,
O meu impacto no chão.
Porque foi nesse momento
Que senti a tua mão.
Era uma mão de luz,
Era uma mão verdadeira.
E foi por isso que restámos,
Desde então, comprometidos,
Na viagem, missão da vida.
E foi capital, muita coragem,
Que eu sou frágil, como a flor,
E forte como rocha em bruto.
É força que vem de longe
E que move a minha vontade,
Para aceitar a realidade.
Procuro, em mim, o divino.
E a estima da minha alma,
Para viver no mundo real.
Já pouco me interessará,
Se precisar de um começo,
Com alguém que possa contar,
Se a tua luz se apagar.
E já na curva da vida
Veio a serenidade atingir,
Este calor, esta amizade,
De companheiro a prazo.
Que trás, consigo, a música
E alegorias para a alma.
Arte suprema para apoiar,
A reboque dos sinos,
Ao som das contendas,
Ao som dos hinos.
Seremos duas partes,
Cada uma na sua arte,
Na viagem, companheiras.
Deixaremos, por cá, sementeiras.

AUTORA. JOAQUINA

24-09-2012