Descia da Lua, inquieta,
E meu destino era
incerto.
Cairia no mar, no
deserto,
Haveria alguém por
perto?
Mas a meio da aventura,
Avistei, no espaço
celeste,
Um vulto, irradiando
luz,
Que, para a mim, se
dirigia.
E, nas escuridões, se
fez dia.
Eras tu, meu
companheiro,
Em expedição, à minha
procura,
Buscando-me na noite
escura.
Também tu, orbitavas,
perdido,
No infindo espaço
sideral.
Procuravas a outra alma,
A alma gémea, à tua
igual,
Que te completasse,
Que já, por ti,
clamasse,
E que, advindo o
sofrimento,
Te assistisse e
acalmasse,
E dividisse o duro
momento.
Eu, que também me
transferia,
Na Terra, vinha indagar.
Procurava a quem pudesse
amar
E que, também, me
consolasse.
E que, nos imprevistos
da dor,
Nos braços, me
suportasse,
E que, com força, me
abraçasse,
Vestindo-me, com seu afeto.
E fora do vácuo que há
na Lua,
E já na vida que há na
Terra,
Avistei uma mata de
pinheiros,
Com sombras frescas,
E adoçados cheiros.
Na mata me embrenhei,
E uma clareira
encontrei,
E uma fogueira ateei.
Eu queria que os seus
fumos,
Sinais que para o céu
enviava,
Sinais de fé e de
esperança,
Fossem, por ti,
descobertos.
E destino, se ali
pousasses,
Serias o meu
companheiro,
Aquele que vim procurar,
E que fizesse parte de
mim.
Isso. Teres o Tudo, em
ti.
Codificaste a minha
vivência
E ficaste na minha
existência.
Em ti me perco, em
união.
És a folha caída no
chão,
És todo o meu Outono,
És o meu inteiro Verão.
É, em ti, minha folha
caída,
Que eu me reinvento e me
fico.
Nas Primaveras da vida,
Tu, sempre, voltas para
mim.
Com toda a força e
certeza
De que tudo o quanto
vivemos,
O recriamos em nossos
sonhos,
Como seres vivos,
sonhadores.
Situa-se no Universo,
A Força que nos uniu.
Éramos dois seres alados
Que, no céu,
esvoaçávamos.
Vinhamos dos primórdios
da criação
Para, na Terra,
cumprirmos missão.
Ainda hoje, como sinto,
O meu impacto no chão.
Porque foi nesse momento
Que senti a tua mão.
Era uma mão de luz,
Era uma mão verdadeira.
E foi por isso que
restámos,
Desde então,
comprometidos,
Na viagem, missão da
vida.
E foi capital, muita
coragem,
Que eu sou frágil, como
a flor,
E forte como rocha em
bruto.
É força que vem de longe
E que move a minha
vontade,
Para aceitar a
realidade.
Procuro, em mim, o
divino.
E a estima da minha
alma,
Para viver no mundo
real.
Já pouco me interessará,
Se precisar de um
começo,
Com alguém que possa
contar,
Se a tua luz se apagar.
E já na curva da vida
Veio a serenidade atingir,
Este calor, esta
amizade,
De companheiro a prazo.
Que trás, consigo, a
música
E alegorias para a alma.
Arte suprema para
apoiar,
A reboque dos sinos,
Ao som das contendas,
Ao som dos hinos.
Seremos duas partes,
Cada uma na sua arte,
Na viagem, companheiras.
Deixaremos, por cá,
sementeiras.
AUTORA. JOAQUINA
24-09-2012