Busco ensejos de
distensão,
Correndo, desnorteada,
Na vida, caixa cercada.
Mas só encontro pedaços,
Destroços da minha paz.
Se escapo para Oriente,
Logo a minha consorte,
A omnipresente morte,
Se assoma e me acena.
Ela será a minha pena,
Ela será a minha sorte.
Espreita-me de
soslaio,
Como se eu fora seu aio,
E gesticula, enviando
sinais
A mim, como aos demais.
Ela surge, de rompante,
Aparecendo a cada
instante,
Em cada recanto antigo,
Como versos ainda sem
rima.
Mas se a ela me
dirijo,
Acabo esvaziada na
rotina.
E é a tristeza que ainda
redobra
A minha lendária insatisfação,
Ao ponto de deixar
derrotado
O meu cercado coração.
À tona, a nada me
agarro,
Nadando dentro da vida.
E vejo-me, a cada
momento,
Esbracejando, perdida.
Estará a vida escondida,
Algures, atrás da linha?
Então, se assim for,
Vou deixar a saudade
No ventre da escuridão.
Viverei a vida, a que tiver,
E farei dela meu lema.
E viverá em cada poema
Que minha mão e minha
pena
Tiverem tempo para
escrever.
Não apressarei a
despedida
Enquanto me agarrar à
vida.
E vivo em qualquer
recanto,
Na berma da rua, na
viela,
Até que me venha buscar,
ela.
E creio que jamais
saberei
Qual será o melhor
instante,
O momento que será o
certo.
É um futuro sem futuro
Que não me pode pertencer.
Porque nada me pertence,
Porque nada tem futuro.
Tão pouco o próprio
futuro!
Vou assim continuando
A amar cada momento.
Porque a vida são
momentos
Presentes, passados sem
futuro.
Porque está tudo no
presente,
Um presente sem futuro.
E embora contrariada
Pelos obstáculos da
vida,
Será ela a minha
inquilina,
E viverá escondida a
meu lado.
Será ela quem de noite me afoga,
Em sonhos passados, de
outrora?
A morte, não tendo
caminhos,
Apenas persegue a vida.
Já me sinto preparada
Para bater em retirada,
Quando o palco se
apagar.
Poderão todos bater
palmas
Porque, no fim, é
de palmas,
Que esperam merecer, as
almas.
Autora: Joaquina
14.09.2012
No comments:
Post a Comment
Note: only a member of this blog may post a comment.