A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Monday, 23 January 2012

SONHOS DE REALIDADE




Solidão, amiga minha,
De entre todas, a maior.
Só tu me podes acompanhar,
E a tua mão me dares,
Quando sofro, no vazio.
E ajudas-me a pensar
Na humana condição,
Na precária existência.
É, contigo, solidão,
Que me consigo encontrar
E novos trilhos traçar,
Na minha precária presença,
No tempo que me foi cedido.
Infelizes, ai daqueles
Que nunca se detiveram,
Nem que fosse por um instante,
Para pensarem na sua pequenez.
Meus sentidos se ausentam,
Quando rodeada de gente
Que me distrai e desvia,
Do meu dilema.
És tu, solidão,
Que me destapas o véu,
Para que me aperceba
Da jangada que ainda me resta
Depois de naufragada toda a armada.
Porque tudo me desencanta,
No desencanto dos vulgares,
E passado o tempo de me dar,
De concorrer para o grupo,
Chegou o tempo para pensar,
E, só na tua companhia, viver.
Viver na mente, com simplicidade,
Com o saber que procuro
Como único alimento.
Só ele me pode aliviar o tormento,
Dos tempos duros de Inverno,
Do Inverno do corpo
Mais duro que o do tempo.
Que este passa e aquele não.
Do que sou feita, não sei.
Apenas sei, sem hesitação,
Que pertenço a algo maior
Nesta ou noutra dimensão
Que me alojou neste plano.
Eu te saúdo, solidão,
Concubina, companheira,
Dos sonhos da minha realidade.

Autora: Joaquina Vieira
23/01/2012