Meus dedos já cansados,
A teus cabelos
orvalhados,
Já deram tanto carinho.
Hoje choram, por ti,
E também choram por
mim.
Antes ágeis e delgados,
Jovens e delicados,
Eles por ti suspiravam.
Veio o tempo
retirar-lhes
A doçura, por metade.
Queria ainda remexer
Nos teus cabelos de
seda,
Agora raros, grisalhos.
Não perdi, ainda, meus
jeitos,
Ainda que em meus
dedos
Já se notem os defeitos.
Um pouco mirrados e curvados,
Pela idade marcados,
Já se sentem fatigados.
No tempo se envolveram,
Hoje e ontem, em
carinhos,
Como laços de carmim.
Era assim a minha
fantasia,
Meu caminho de ternura,
Sentindo a sua textura
Embriagando a minha
secura.
Ainda hoje tenho, para
ti,
Palavras de amparo e
carinho
Que te ajudam em teu
caminho,
Mesmo quando, de ti, te
ausentas,
E dentro de ti tu
sustentas,
Lutas e tréguas sem fim.
Meus dedos frágeis,
assim,
É por ti que ainda
procuram,
É por teus cabelos que
suspiram.
E eles ainda vivem e
respiram,
Porque meus dedos os
curam.
Ainda que cansados e
mirrados
E pela jornada já
marcados.
AUTORA : JOAQUINA VIEIRA
28/12/2012