A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Friday, 28 December 2012

RIO DA ALMA - CAMINHOS DA TERNURA


Meus dedos já cansados,
A teus cabelos orvalhados,
Já deram tanto carinho.
Hoje choram, por ti,
E também choram por mim.
Antes ágeis e delgados,
Jovens e delicados,
Eles por ti suspiravam.
Veio o tempo retirar-lhes
A doçura, por metade.
Queria ainda remexer
Nos teus cabelos de seda,
Agora raros, grisalhos.
Não perdi, ainda, meus jeitos,
Ainda que em meus dedos
Já se notem os defeitos.
Um pouco mirrados e curvados,
Pela idade marcados,
Já se sentem fatigados.
No tempo se envolveram,
Hoje e ontem, em carinhos,
Como laços de carmim.
Era assim a minha fantasia,
Meu caminho de ternura,
Sentindo a sua textura
Embriagando a minha secura.
Ainda hoje tenho, para ti,
Palavras de amparo e carinho
Que te ajudam em teu caminho,
Mesmo quando, de ti, te ausentas,
E dentro de ti tu sustentas,
Lutas e tréguas sem fim.
Meus dedos frágeis, assim,
É por ti que ainda procuram,
É por teus cabelos que suspiram.
E eles ainda vivem e respiram,
Porque meus dedos os curam.
Ainda que cansados e mirrados
E pela jornada já marcados.

AUTORA : JOAQUINA  VIEIRA

28/12/2012