De saudade vou vestida,
Mas perdida, despida de mim,
Nos trilhos da minha floresta,
Nos trilhos da minha floresta,
Dentro dos meus olhos tristes.
Quero um sorriso alargado,
Não um favor amordaçado.
De meu corpo, fria estação,
De meu corpo, fria estação,
Já só me restam flores,
Ramalhetes de recordação.
Mas, a dor, nasceu em mim,
Pendurada no meu silêncio,
Pendurada no meu silêncio,
Dentro do meu casulo vazio.
Morreu, em mim, o ensejo,
Cansada de minhas mágoas.
Foram tantas as madrugadas,
Foram tantas as madrugadas,
Que a noite já se fez fria,
Pelas lembranças alugadas,
Dentro da ausência magoada.
Minha mágoa, minha dor,
Suspensa no tempo, parada.
Suspensa no tempo, parada.
Restando o meu corpo vazio,
Tudo, em mim, é noite imensa,
Tudo, em mim, é noite imensa,
Negra, no anoitecer do tempo.
Minha alma dança, de agonia,
Amortalhando a minha energia,
Amortalhando a minha energia,
Ferindo, de morte, meu coração.
Nas palavras que foram vida,
Nas palavras que foram vida,
Vive instalada a melancolia,
E meu rosto envelhecido,
E meu rosto envelhecido,
E meus olhos já sem brilho.
E os sonhos que capitularam,
Já viveram à luz do dia,
Já viveram à luz do dia,
Já aqueceram a noite escura.
Partiram, de madrugada,
Mas caminharam comigo,
Mas caminharam comigo,
E, a meu lado, adormeceram.
Hoje esperam, sobreviventes,
Hoje esperam, sobreviventes,
Esperando a incerta alvorada.
Minha alma vive na orla,
Minha alma vive na orla,
Da minha eterna mansidão.
Abraça-me tu, na minha noite,
Abraça-me tu, na minha noite,
E envolve-me nos teus braços.
Nos equívocos dos silêncios,
Nos equívocos dos silêncios,
Perdida ficou a ternura,
Na mais estéril ilusão.
Perdidos, no tempo, meus passos,
Vigiando a madrugada.
Perdidos, no tempo, meus passos,
Vigiando a madrugada.
Meu amor, anoitecido,
No silêncio do passado,
No silêncio do passado,
Traz-me, de novo, a alvorada,
Na solidão suspensa, cercada,
Na solidão suspensa, cercada,
Dentro do meu coração alado,
Despido de suas asas,
Mas, de saudade, vestido.
AUTORA : JOAQUINA 26-O6-2012