A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Tuesday, 26 June 2012

TUDO É NOITE, IMENSA


De saudade vou vestida,
Mas perdida, despida de mim,
Nos trilhos da minha floresta,
Dentro dos meus olhos tristes.
Quero um sorriso alargado,
Não um favor amordaçado.
De meu corpo, fria estação,
Já só me restam flores,
Ramalhetes de recordação.
Mas, a dor, nasceu em mim,
Pendurada no meu silêncio,
Dentro do meu casulo vazio.
Morreu, em mim, o ensejo,
Cansada de minhas mágoas.
Foram tantas as madrugadas,
Que a noite já se fez fria,
                     Pelas lembranças alugadas,                    
Dentro da ausência magoada.
Minha mágoa, minha dor,
Suspensa no tempo, parada.
Restando o meu corpo vazio,
Tudo, em mim, é noite imensa,
Negra, no anoitecer do tempo.
Minha alma dança, de agonia,
Amortalhando a minha energia,
Ferindo, de morte, meu coração.
Nas palavras que foram vida,
Vive instalada a melancolia,
E meu rosto envelhecido,
E meus olhos já sem brilho.
E os sonhos que capitularam,
Já viveram à luz do dia,
Já aqueceram a noite escura.
Partiram, de madrugada,
Mas caminharam comigo,
E, a meu lado, adormeceram.
Hoje esperam, sobreviventes,
Esperando a incerta alvorada.
Minha alma vive na orla,
Da minha eterna mansidão.
Abraça-me tu, na minha noite,
E envolve-me nos teus braços.
Nos equívocos dos silêncios,
Perdida ficou a ternura,
 Na mais estéril ilusão.
 Perdidos, no tempo, meus passos,
Vigiando a madrugada.
Meu amor, anoitecido,
No silêncio do passado,
Traz-me, de novo, a alvorada,
Na solidão suspensa, cercada,
Dentro do meu coração alado,
Despido de suas asas,

Mas, de saudade, vestido.



AUTORA : JOAQUINA 26-O6-2012