A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Thursday, 27 May 2010

RIOS DA ALMA - BRILHA, ESTRELA GUIA



Chegaste com aquela grandeza
De quem queria fazer parte
Do meu sonho adiado.
Só tu para celebrares comigo,
Toda a beleza do mundo,
Por nele, por fim, achar abrigo.
Tua energia, de tão forte,
Desde logo, atraiu outra alma
Que viera só para te ajudar.
Ela te entregou todo o seu coração,
Ela a ti se dedicou com devoção.
Com toda a sua juventude a ti deu,
O que de melhor, dentro de si, tinha.
Entrou na tua vida sem pedir licença,
Mas tudo te deu, sem nada pedir.
Tinha para te oferecer o AMOR!
Sempre que sentias temor,
Refugiavas-te nos seus braços fortes
E, embalada, sossegavas.
Recorda, sempre, que foste, também,
A bússola da sua vida.
Vida que vivia batida,
Pelos ventos da amargura,
Pelas vagas da solidão.
E, contigo, nos maravilhámos,
E, contigo, crescemos.
E aprendemos ser responsáveis.
Foi contigo, foi por ti, que tudo fizemos.
Alargamos nossas jovens vidas,
Para haver espaço para ti.
Sabias o que querias
E te impuseste, como alma forte.
Nossas vidas, por vezes,
Estavam demasiado ocupadas.
Talvez nem sempre tenhamos estado atentos.
Fui egoísta ao pensar que serias só minha.
Tua missão faz parte de algo maior.
Terás que descobrir, ainda,
O que te propuseste fazer nesta tua vinda.
Talvez a descoberta do amor.
Teu sonho é mais amplo do que o meu.
Tua missão está a  começar.
Agora tens o teu trilho.
Nunca desistas!
Nossas vidas só farão sentido
Quando a tua também o fizer.
Eu te admiro pela visão que tens, pura,
E por lutares por um mundo mais justo.
Sendo a nossa estrela guia,
Brilha para que te sigamos.

Tua mãe terrena
JOAQUINA VIEIRA

12/06/03

Saturday, 15 May 2010

RIOS DA ALMA - HOMENAGEM ÀS MULHERES MALTRATADAS



Hoje é um dia como os outros.
Há quem diga que é especial,
Porque é o dia da mulher.
Todos os dias são especiais.
Não gosto mais deste dia
Que de outros, já passados.
Neste dia tão aclamado,
Vejo mulheres mal amadas.
Sofrimentos, dores estampadas
Em faces desesperadas.
Fingindo harmonia no lar,
Mulheres caladas, consentidas,
Ausentes, doentes, alienadas.
Com toda crueldade são retidas
Dentro de vidas desgastadas.
Afinal o quer a mulher?
Apenas amar e ser amada.
Quanta dor poderia ser evitada
Se as mentalidades mudassem.
A mulher é mãe, amiga, companheira.
Amante e lutadora, tudo faz por amor.
Raras são as mulheres
Que se sentem compreendidas,
Amadas e respeitadas.
Está para além da compreensão
Esta falta de razão
Para a mulher não ser feliz.
Hoje ela é lembrada,
Com uma rosa envenenada.
E os carcereiros, lampeiros,
Oferecem-lhe flores,
Pensando que são perdoados
Pelos maus tratos infligidos.
Hoje não é o dia da mulher. Não!
Não me digam que existe um dia
Onde se faz uma trégua, com flores.
 Amanhã voltarão, como sempre,
Ao seu estatuto de sofredoras.
Não é por mim que falo.
Falo por todas as outras.
Pelas que não têm voz,
Pelas que não têm direitos
E que não se podem pronunciar.
Algumas fingem a vida inteira
E, fintando o preconceito,
Vivem, até, vidas duplas,
Renegando a sua essência.
Ao lado dos seus carrascos,
Simulam estar tudo bem.
Mas a mulher começa a despertar.
A revolta começa na cama.
Reconhecendo que não amam,
Libertam-se dos maus momentos
E, confrontando seus sentimentos,
Enfrentam, com coragem, o mundo.
Erguem-se, com orgulho,
Libertando-se dos laços.
Mas outras pagam com a vida,
Por ousarem ter a audácia
De fazerem frente ao carrasco
Que, muitas vezes, as sustenta.
Num mundo de medo e contendas,
Presas ao mundo das aparências
Ficam, pelos filhos, pela família.
Amordaçando os seus sonhos
Perdem, por vezes, a razão
E rendem-se à solidão.
Mulher! Não aceites ser maltratada.
Pensa bem na tua escolha.
A factura pode ser pesada,
Impiedosa, fatal.



Monday, 10 May 2010

MOMENTO DE ALMA - O ENIGMA DO FUNDO



É um sussurro profundo,
Nasce do enigma do fundo.
Vem trazer-me à lembrança,
Do som do cantar do mundo,
O eco que trás a esperança.
Canto à alegria de um sorriso,
Na inocência da criança.
Canto, da árvore que me abriga,
 A sombra que me protege.
Canto à estrela cadente
Que vai caindo da eternidade,
Do céu em que me prevejo.
Meu corpo ainda assente
E minha mente reacendida
Unem-se, para despertarem
Mágicos momentos que recolhi,
Nos alicerces da minha memória.
Insinuam que atente à História
E que seja poeta, como antigamente.
Se não ouso imitar Pessoa,
Se não poderei ser Camões,
Que seja eu, apenas assim,
Com as minhas limitações.
Meu grito não faz canções
Mas meus versos são orações.
Oram por ti, oram por mim,
Que o tempo é, apenas, tangente.
Se somos poetas tardios,
Lavremos cadernos baldios
Que a hora se faz urgente.



Autora : Joaquina Vieira