A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Friday, 31 August 2012

PREDADORES



Em rostos dilacerados,
Olhos estafados, parados,
De tantas lágrimas soltadas.
São pedaços de dor, vertidos,
São fios, lençóis de água,
Gerados por desalento.
Mas ai daquele que sente,
Somente, a sua dor.
Esse será um predador,
Que não criou empatia
Entre si e seus iguais
E que, na escuridão plantado,
Ataca como os chacais.
Ele mata e despreza
A sua, indefesa, presa,
Que também faz parte,
Como ele, da natureza.
E perante este provocação
De mentes em depravação,
Há outra gente, sensível,
Que sofre pelo sofrimento,
Por gente e animais sofrido.
E tombam, de seus olhos,
Fontes de angústia e desaire,
Rios de caudalosas dores,
Que se afogam nos estuários,
Abraçados ao mar.
Tão poucos há, perante o mal,
Porque este se mobiliza
E o bem se não organiza.
E agrupam-se, os chacais,
Para fazerem com que o mal
Seja aceite como bem.
Quem os ousar defrontar,
E são tão poucos, raros,
Que os enfrente à luz do dia.
Há teias e redes lançadas
Pela calada da noite.
Os pérfidos que tudo derrubam,
E que não têm sentimentos,
São algozes, por seu prazer.
Eles nem são gente calada.
Sendo alarves, insaciáveis,
Há gelo, no seu olhar,
E ligeireza, na sua mente,
Cheia de esperteza, matreira.
Mão, suspeita, na algibeira,
Negoceiam a sua presa,
Valendo-se da surpresa.
À luz do dia são normais
Mas, de noite, são chacais,
Planeando a sua tocaia.
São duas faces, são dois rostos,
São apenas desconhecidos.
São bestiais mascarados,
Vivendo para o sofrimento
Que provocam, com frieza,
Em animal ou pessoa.
Impiedosos, nem contemplam,
As contas que irão prestar.
Nem que espalharam terrores
E que causaram tantas dores.
E porque nem se irão recordar,
Não orarão, nem pedirão perdão,
Porque nem tiveram a noção
Do rasto que deixaram.
Deles, nada restará.
Serão apenas predadores,
Os vermes, saciarão.

Autoria: Joaquina Vieira


30/08/2012


Como é possível? Já suspeitava de piratas parasitas. Mas com tal ousadia, não.  Dentro do meu blogue e perante as evidências de pirataria (preocupo-me mais com o material que tenho em rascunho), tentei mudar a palavra passe da minha conta.

De imediato, o meu antivírus informa-me de um ataque de um tal cavalo de troia. Vários ficheiros foram infectados. Mudei de computador. Novamente o ataque, ainda mais violento. Mudei de navegador para conseguir alterar a palavra passe. Dias antes, tinha criado um novo blogue, independente dos outros. Era incógnito e serviria para fazer testes. Foi, de imediato, alvo de piratas.  Só me interrogo como foi possível quererem-me impedir de aceder à minha conta, dentro do meu blogue. É UM ALERTA. CORRAM ANTIVIRUS E MUDEM A PALAVRA PASSE

Tuesday, 28 August 2012

A CONQUISTA DA ETERNIDADE



Ao esconderes teu rosto perfeito,
Não te assumes como homem,
Nem te arrogas de mulher,
Essência, no mundo, lançada,
Contorcida, nua, alienada.
Quem foi que marcou,
Esse teu corpo despido,
Com tal tristeza, infinita,
Que, o próprio Sol, se agita?
Tuas dores, imaginárias,
Serão apenas a lembrança
Da tua própria herança?
Ergue-te, corpo esculpido,
Alteia, levanta a cabeça
E mostra a tua semente,
Fonte de vida ardente.
Livra-te da tua utopia
E corre por entre os rios
Onde a vida tem começo
E de onde tu reapareceste.
Posso dar-te uma outra vida
Ou, até, fazer, de ti, um rei,
Um tirano ou um timoneiro,
Um guardião ou pistoleiro.
Serás anjo, desprotegido,
Que na Terra pousou
E, neste lugar, ficou,
Até se ver orientado?
Porque, por aqui, ser um ser,
Ser diferente entre outros seres,
Não é coisa do instante.
Nem o sonho é o bastante,
Nem a tristeza é constante.
Mas é um momento tu seres,
Porque é um instante seres vida.
Ergue teu corpo cinzelado,
Mostra tua face escondida
E não passes mesmo ao lado,
Do ensejo mágico da vida.
E escreve a tua história
Para marcares a memória
De seres que te sucederão
E que, entre outros, viverão,
Mas que, entre eles, não serás.
Ergue teu corpo talhado,
Mostra tua face decidida
E vindouros te recordarão.
Conquista a eternidade
Que vive para lá da verdade,
Para além de deixares de ser
E serás, assim, recordado,
Pelo que soubeste conceber.

AUTORA: JOAQUINA
28/08/2012

*ESTA MENSAGEM É DEDICADA A UNS POUCOS QUE, APROVEITANDO O MOMENTO EM QUE TENTEI UMA APRESENTAÇÃO DIFERENTE DESTE BLOGUE, DELE SE TENTARAM APODERAR. ENVIARAM-ME VÁRIOS VÍRUS E ATÉ "GENTE" QUE NEGOCEIA COM A DIGNIDADE HUMANA (POSSUIDORES DE SITES DA MAIS ODIOSA PORNOGRAFIA)  SE APROVEITARAM DA OCASIÃO. A TODOS ESTES INFORMO QUE TENHO, POR PUBLICAR, 1237 OUTRAS MENSAGENS. ALÉM DISSO, COMPONHO MAIS DE 1100 PROSAS POR ANO. É UM TRABALHO MEU, DA MINHA MENTE E QUE NÃO ACEITO SER ROUBADO POR UM QUALQUER OPORTUNISTA. ASSIM, VOU CONTINUAR A ESCREVER, PUBLICANDO APENAS ALGUNS TRABALHOS. A ESMAGADORA MAIORIA DAS MINHAS PROSAS SERÁ, NESTE MOMENTO, PARA PERMANECER NA GAVETA. PARA QUEM GOSTA DO QUE ESCREVO, CONTINUAREI A PUBLICAR, MENSALMENTE, ALGUMAS MENSAGENS






Wednesday, 15 August 2012

O DESFILADEIRO DOS AFETOS



Em meu corpo cansado
Vive uma vida emprestada.
Não sei quem ma destinou
Mas sei que a estou a trajar.
No desfiladeiro dos afetos,
Entre amores e desamores,
Nela continuo a habitar.
Deixei meu suor marcado,
Esgotado, gota a gota,
Em carreiros desbravados,
Em caminhos que rasguei,
Na minha pele, leve e macia,
Onde a idade se instalou,
Soltando um traço de magia.
No bosque procurei terra
Onde me pudesse sentar.
Despida, entre as árvores,
Com minhas mãos vazias,
Estremeci e chorei de frio,
Como o faz qualquer cria,
Quando ao vento, sem ninho.
Minhas mãos, geladas,
Torceram a rama vazia,
Com que outros fizeram
Uma cama e se deitaram.
Estava eu nas folhas despidas,
Atiradas pela tempestade.
Elas riam, eu chorava.
Veio, até mim, apiedada,
Uma árvore já caída,
Para nela me deitar.
Obedeci, por cansaço,
E, por respeito àquela árvore,
Adormeci em seus ramos.
Enterrei meus olhos, relaxados,
Naquele bosque altivo,
Sem folhas, despido.
Descansei e sonhei
Em louros campos de trigo.
Meu sonho inquieto
Levou-me a vários cercos.
Todos estavam despertos.
As dores se apresentaram
Quando ainda contemplava
O Norte que me embalava.
Sem ter a quem contar,
Estava sozinha, ao acordar.
Vieram, nos meus ouvidos,
Pequenos ruídos pousar.
Meu sonho dali me levou
Para eu poder descansar.
Minha infância vivida,
Triste negrume enlutado,
Desfeita em lágrimas loucas
Que, pelo meu peito, rolaram
E que, no meu leito, secaram,
No dia do meu despertar.
O corpo ao mundo atirado,
Sem conselhos e sem palavras,
Sem afetos e sem beijos.
Eu era, apenas, uma menina
Constrangida, sem mimos,
Necessitada de ternuras.
Mas, ainda mais pequena,
Eu já morava na berma
E ninguém, de mim, tinha pena.
Desde cedo me comprometi
Que, o mundo, teria que enfrentar.
Mas, até encontrar o meu lugar,
Tantas foram as noites
Em que nem pude sonhar.
E os episódios, inconvenientes,
Que, apesar de incitarem agruras,
Deles não conservo rancores.
Até que, a juventude, me acenou.
Vi-a e nela entrei, muda,
Porque via, o mundo, tão feio,
Interesseiro e absurdo.
Ele, só via o meu corpo, inteiro,
Eu, sabia da minha sementeira.
Ainda assim, deixei cair o meu escudo,
Dentro da minha voz muda.
E acabei por capitular,
E, assim, ao mundo, fui apresentada.
Ele me carregou de cansaços,
Trazendo, com eles, desgraças.
Até que apareceu alguém
Que escutou a minha prece.
E nela entrou, sem entrar.
Havia já tantos estragos!
Até que me vi, desarmada,
Mas, pelo amor, tomada.
Nos seus braços me aninhei
E todo o meu amor lhe dei.
Até que por vencido se deu.
E hoje, de mãos dadas,
Ainda passeamos e desfrutamos,
Dos sons dos bosques desfolhados,
Desatentos ao meu passado,
Atentos a sentimentos presentes.
Ainda que não sendo idosos,
Mas, menos jovens, talvez,
Fomos, pelo tempo, ensinados.
É por isso, que, hoje, sinto
Toda a alegria do mundo,
Quando toco a outra metade da vida,
Porque não a encontro vazia


Autora: Joaquina Vieira
15/08/2012