A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Thursday 9 July 2015

JOAQUINA VIEIRA - A CONDESSA SEM CHETA
































A VIDA DA RITA

Era tanto o que tinha para dizer
Que, um livro, resolvi escrever.
Gosto de histórias de vida,
Com tempo, bem contadas.
Assim rasgo minhas estradas.
Um dia parei e ouvi alguém.
Só carecia de desabafar.
Vinha de uma solidão de espantar.
Ansiava ser escutada.

Foi nesse dia que tudo começou.
Um novelo se desenrolava.
Era uma senhora, no fim do seu destino.
Derramou, sobre mim, todo o seu brilho.
Carreguei, com ela, o seu fardo
Que mais parecia um fado.
Foi assim que em sua vida entrei.
De início escutava-a, incrédula,
Como se tudo fosse uma invenção.
Quando ela se me apresentou
Como a Condessa Sem Cheta,
Questionei aquela cabeça.
Estaria ela já fora do mundo?
Sua mente estaria confusa?
Mas não! Ela era uma alma,
Um raio de Sol a brilhar
Que até a mim iluminava.
Assim fui conduzida,
Por subidas e descidas,
Numa vida bem preenchida.
Com altos e baixos, lá conseguiu
A atenção pretendida.
Com tal vigor e emoção
Que unimos nossos destinos.
Eu, encantada, escutava
Aquela alma que não chorava,
Mas que sua dor derramava.
Fizemos então um acordo
Que era uma promessa
E que não tinha pressa.
Um dia, a seu pedido,
Escreveria a sua vida, o seu viver.
Ela partiu. Ficou o compromisso
De escrever o ensinamento
Que continha a sua vida.
Para que se pudesse saber.
Dei forma ao seu pedido,
O seu último desejo.
Juntei todas as peças,
Qual puzzle já partido,
Em mil vidas vivido.
Vidas feitas de momentos,
Angústias e tormentos.
E que tormentos!
Faço minhas as suas palavras
Que apresento com saudade
No livro da sua vida.

Foi grande esta senhora.
Na vida teve firmeza.
Viveu tudo, até a tristeza.
Para a recordar, sem demora,

Eis o livro da CONDESSA.

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Carta à Rita

Rita, minha saudosa amiga.
O teu livro, o livro sobre a tua vida, acaba de sair. Ele te retrata muito bem. Todas as tuas mensagens estão lá. Sabes como é a sociedade em que viveste! Ela, entretanto, mudou para pior. No teu tempo, apesar de as coisas serem difíceis para as mulheres, tu conseguiste construir algo. Não podes calcular como gostaria que visses o livro sobre a tua vida. Sei que o irias aprovar. A menina da capa parece-se contigo, na tua juventude, quando estudavas em Coimbra. Os tempos mudaram desde a derradeira vez que nos encontrámos. E já lá vai um tempo. Pressinto que, onde quer que te encontres, deves estar satisfeita por veres que cumpri a promessa. O livro, apesar dos interesses económicos que minam tudo e dos constrangimentos culturais de um povo manipulado e distraído com peripécias de gente que conheceste bem, está em todo lado. A internet é um bom meio de divulgação. Tal como tu, em vida, ele anda a viajar pelo mundo.
Tenho pensado muito em ti, Rita! Recordo tanta coisa que me ensinaste! Com essa tua generosidade e boa disposição permanentes. Irias rir muito com o que se está a passar. Estou a lutar para que não voltes a morrer. Assim o farei, enquanto por aqui andar. Sei que me acompanhas e te ris dos muitos imprevistos por que estou a passar. Se pudesses, tu me dirias para não me estar a maçar com os espertalhões das editoras que prometem muito e nada dão. Só pensam neles e no momento. No entanto, o livro anda por aí, nas mãos de muita gente. Tua vida foi um exemplo para mim. Será para tantos outros.
Tenho muitas saudades tuas.
Tua amiga de coração
JOAQUINA VIEIRA HISTÓRIA DA CONDESSA (RITA)

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