É a apatia que, em mim, dança
Que me abala a confiança.
Que, minha pele, vai arrancando
E que, da fé, me vai amputando.
É ferida que me vai abrindo,
A dor que me vai vestindo,
A minha alma que vai despindo.
Até que, como se fora um tenor,
Clamo que basta, já, de dor.
Mas mora em mim, um lamento,
Um infeliz descontentamento,
Que se mistura com cada elemento.
Minha chaga permanece aberta
Pela mágoa que está desperta.
É o sofrimento à desfilada
Em cavalgadas de assustar.
É a aflição, por sanar,
O meu peito dilacerando,
A minha alma sitiando
E que a traz, acorrentada,
Num canto escuro, amordaçada.
Medo de mim, medonhos momentos,
Quando me afloram cruéis sentimentos
Que incendeiam, em mim, o vulcão,
Que destapam e exilam a razão
E ferem a ferida por sarar.
Subsisto na vácua imensidão,
Onde não respira o perdão,
Onde me arrisco a sufocar.
E quando se atiça a revolta,
Dou sempre meia volta,
Para a não poder escutar.
Assim não saro minhas feridas
Que, nem por mim, são lambidas,
Como um cão faz a um amigo.
Quisera voar para um abrigo,
Para uma outra constelação,
Onde tivesse sempre à mão,
Um bálsamo para o coração.
E escapar da letargia latente,
Para que não mais me atormente.
Procuro a paz, interiormente,
E invento, até, uma oração
Que nem eu sei pronunciar.
E rezo, com tal devoção,
Implorando pela poção
Para estas recentes feridas,
Traiçoeiras, torpes, temidas
E nem sequer entendidas.
Por: Joaquina Vieira
13/08/2011
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