Tu és a minha poesia,
As mais inspiradas
palavras
Que antes de ti não
sentia.
As prosas que já
esboçava
Em páginas por inventar,
Para livros que não
fazia
Mas que a ti dedicava.
Coração ingénuo, não
escrevia...
Pernoita, em mim, a emoção
Pernoita, em mim, a emoção
Que me trás a imensidão.
Vem em palavras
malditas,
Da boca de um dragão,
saídas.
Poesia que és meu
ensaio,
Mestria de minha mão,
Entre versos, entre
prosas,
Conduzes o meu coração.
A minha poesia é
leviana,
Como se fora mulher de
rua.
Aparece quando deseja,
Vem despida, toda nua.
Sem saudade, sem
felicidade,
Assim ela se apresenta,
Quando comigo se senta
ou
Na minha cama se deita.
Aborda-me, desesperada,
Sem conter a emoção,
Cativando-me a atenção,
Vertendo as suas
lágrimas.
Mas eu, ainda que caída
de sono,
Estendo-lhe a minha mão.
E busco uma folha em
branco
Que ela, com o seu pranto
Desabado de suas mágoas,
Teima sempre em
encharcar.
E assim ficamos as
duas,
Até ao fim da madrugada.
Já entendi a sua condição.
A poesia é a eterna
criança
E quer que lhe falem de
amor,
Só sabendo palavras de
esperança.
Assim a conduzo, com
paixão,
Porque escrever é a minha
missão.
É dizer tudo o que ela
sente
E só o que ela consente.
Eu só a assisto e
espreito
E com ela me deleito.
Assim maravilhada a
observo,
Como se fora o seu
servo.
Poesia que és meu
encanto,
Suave harmonia, doce
canto.
Comigo moras, poesia,
Eu e tu em sintonia,
Até que se faça dia.
Autora: Joaquina Vieira