Tu, que vives nesta dimensão,
Que cruzas o meu caminho,
Que chamas a minha atenção.
Que me olhas e te admiras,
Restaurando, no meu rosto,
Exposto, tons de serenidade.
Mas que conheces, de mim?
Não sabes, mas tens intuição
Porque, cintilante é a luz
Que já, em ti, brilha.
Ela se focou em mim
Enquanto eu adormecia,
Neste espaço, na vastidão.
Tu, a quem entregaram,
Ao nasceres, um bordão.
Foi neste nosso mundo
Que me vieste a encontrar,
Entre a roseira brava,
No cálice mais puro
Onde te vieste a banhar.
Neste universo paralelo
Onde vivem borboletas
Que anunciam a Primavera.
Quisera eu ser, para ti,
Não mais que uma quimera!
Entre espadas e laços
Se dividem espaços.
Eu, mulher de mil rostos
Em tantas reencarnações,
Os papéis que desempenhei
Até, a ti, encontrar.
Despi meu corpo franzino
E espreitei o princípio
Entrando, por uma fresta.
Vi, então, que tudo era festa,
Onde coros
de anjos entoavam,
Em inexprimível harmonia,
A mais sublime das sinfonias.
Era a nona, a de Beethoven,
Eterno, ímpar, hino à alegria.
Fora, escutava andorinhas
Atarefadas com seus ninhos.
Hoje me sacio com teu saber
Porque, na tua fonte,
Foi lá que fui beber.
Autora: Joaquina
08/12/2011