Em minhas palavras,
É dor o que derramo.
Ela renova a mensagem,
Com gritos e ardor.
Sinto, nelas, os corpos
De todas as poesias,
Por elas, inventadas.
Abertas, como o vento,
Tontas, esfomeadas.
Palavras estáticas,
Inteiras, nuas, ardentes.
Tudo o que fazem de perfeito,
No mundo está assente.
Sempre, no seu movimento,
Elas abraçam, gracejam.
Minhas palavras são espetáculo.
Quando, na noite vazia cantam,
Sinto que vivem e respiram.
Por isso me encantam.
São mãos inteligentes,
São mãos que trabalham
Com dimensão e sentido.
São como o animal indefeso
Que carrega, em seu dorso,
Um peso desmedido.
Mas, minha palavra também é:
Ave migratória,
Cabo de ferramenta,
Suor de operário.
Quando minha palavra sangra,
É instrumento que mata,
Sonho que insiste
Na visão de um triste.
Na palavra, minha alma grita.
Sinal que estou de passagem
Por este mundo amargo.
Dou-me, por inteira,
Na palavra do poeta.
As minhas palavras são,
Quando ganham força e coragem,
Fantasmas que
escorrem,
De todos os meus dedos,
Livres de receios e medos.
Nenhuma existe, vazia.
Elas passam, por mim,
Como um caudaloso rio.
Eu, nelas, tropeço,
Alheada do que contêm.
Porque furtivas, escondidas,
Fazem nascer a poetisa
Que, nelas, habita.
Por: Joaquina Vieira
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