Sou aquela a quem chamam
feiticeira,
A encantadora de
palavras que,
Juntadas, formam prosas,
de algum dia,
E poesias, tocantes, de
amarga melancolia.
Tenho dons da flor da
amendoeira e,
No regaço, refaço as
cinzas da lareira.
A bordo de uma vassoura
Voo, por clareiras,
entre espaços,
E raso as ondas dos
mares,
Perseguindo cada traineira.
Mas, a minha elegida faina
É a de alongar as
trevas,
Pastoreando as noites,
Emagrecendo os dias.
Este é o mito da
feiticeira que,
Nas bermas das
ribanceira,
Uiva como o vento norte,
Escolhendo vidas, à
sorte.
Mas, também curandeira,
Faço , desfaço e refaço,
laços,
Entre as flores da
amendoeira.
Caem, no meu regaço,
milagres
Que nem eu sei resolver.
Visto-me de trapos,
esvoaçantes,
E bebo a água pura das
ribeiras.
Viajo de noite, noites
inteiras.
Entro em templos
desconhecidos
E vou observando fogueiras.
Quantas, tantas, lá vão
morrendo.
Eu sou, apenas, a bruma
da espuma
Que se desfaz neste
mundo.
Sou, também, a venturosa
feiticeira
Que, no Inverno, acende
a lareira
Para aquecer os
desabrigados que,
À minha volta se juntam.
E, pela noite adentro,
festejamos
Com vinho tinto na mesa.
E escuto, dos comensais,
As suas alegrias e ais,
Até que a noite se
esgote,
Até que o dia se faça.
Ele me desperta os
sentidos,
Fazendo-me regressar à
vida.
Para a continuar a
encantar.
Por: Joaquina Vieira
13/09/2011
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