No morno do meu leito,
Bailas, comigo,
No doce balanço do amor.
Meu corpo estremece,
No teu abraço, balançado,
Quando me dizes, ao ouvido,
As palavras adoçadas que ansiava
Poder escutar, desde que me sei.
Aquieto-me, nos teus braços,
Quando sinto o teu cheiro tépido.
E acaricio os teus cabelos grisalhos,
Cavados pelos desencantos da vida.
Caminho, de mão dada,
Sozinha, nos meus sonhos,
Com os pés molhados, descalços,
Na húmida areia da tua praia.
É nesse momento,
Bem cedo, pela manhã,
Que meu corpo se enrosca
No morno do teu sono.
Procuro-te, no escuro.
Tu me encontras, no teu sentir,
Como a doce lembrança
Do que, uma vez, já fomos.
Agora, eu me contento
No nosso aconchego.
É uma dádiva, cada noite, sonhar
Porque acordo, sempre, contigo.
POR JOAQUINA VIEIRA
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