A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Thursday, 9 February 2012

MISSÃO, NA ORIGEM, ESBOÇADA


Nas bermas descuidadas
Da estrada dos desencantos,
Abandonei, penduradas,
Porções dos meus vigores,
Farrapos tecidos de dores,
Lágrimas dos meus prantos.
Em alçapões da memória
Escondi, das pérfidas línguas,
Pedaços da minha história,
Danos das passadas mínguas.
Mas quando, a tempo, dei conta
Que havia, para mim, um recado,
Uma missão, na origem, esboçada,
Tive que encontrar nova estrada
Onde me voltei a encontrar.
Cruzei-me com muita gente.
Alguma passou, apenas, por mim,
E, por outra, também eu passei.
Alguma deteve-se, em mim,
Mas poucos foram os que ficaram.
Bebi da fonte da juventude,
Mas ela escorreu, veloz,
Passageira, em mim,
Muda, sem voz.
Mas dela ainda sorvi a curiosidade
Que tudo fazia para me despertar.
Sofri, de um pouco de tudo,
Até das minhas próprias dores.
E sofri as dores dos outros. 
Até ao dia em que acordei,
E me vi mãe e mulher.
Carregava no meu ventre,
A esperança da minha missão
E, dentro do meu peito,
Uma encruzilhada de frustração.
O mundo me parecia pequeno,
Para as minhas fantasias.
Então, sonhava, acordada.
De mão dada, até adormecer.
Por isso, hoje admiro a flor,
O passarinho e o poeta.
Aceito meus sonhos perdidos
E agracio, outros, encontrados.
Sonhos fora do tempo.
Na solidão fui realizando,
Com palavras e pensamentos,
Tudo o que não cabia em mim.
Agradeço, da minha essência,
A meu coração sensível,
A energia e a motivação
Com que me presenteou,
Para que não temesse avançar
E percorrer o meu caminho,
O caminho da minha vida,
Missão, na origem, esboçada.

AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

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