Que queres, de mim, sentimento?
Queres que, tudo, consinta?
E nesta forma de ver os demais,
Alcanço outros patamares,
Para além do meu tormento.
Mas se não me sinto amada,
Minha alma, descontente,
Tranca-se, a sete chaves.
Neva, dentro de mim!
E, em solidão infinita,
Minha alma já não grita,
E, tão pouco, gesticula.
E assim fica, encurralada.
Por isso, não há quem entenda,
Este modo de pensar,
Esta maneira de estar.
Para estar bem, comigo,
De todos me afasto
E não quero ouvir ninguém.
É o cansaço que me invade,
É este o meu caminho,
Ingrato e penoso,
Traçado num lodaçal,
Onde me sinto afundar.
E se a vida fosse só isto,
Teria vivido o bastante?
Mas tenho, dentro de mim,
Muralhas de protecção.
Os genes que me foram dados,
Que são, também, de discórdia.
Que me traz duros instantes,
Em que não sei entender,
O que ando, por aqui, a fazer.
Tenho dias de pesadelo,
Em que me julgo morrer.
É uma devastadora tristeza,
Que teima em me visitar.
Altera meu estado de espírito,
E, consigo, me quer levar.
Mas devo, já, me ausentar
Deste corpo, meu domínio,
Que, afinal, não me pertence
Porque, a terra, o reclamará?
Porque dela se alimentou,
Porque dele se alimentará.
Estará, para breve, a hora,
De, a ela, me entregar.
Depois de tanto viver
E após tanto aprender,
Já não entendo a razão
Para suportar o calvário
Que flagela meu coração.
Que venham todos os anjos,
Tocando bandolins e cornetas,
A minha alma levantarem.
Ergue-la desta utopia,
Onde se encontra encerrada.
Se não valesse a pena insistir,
Bastaria deixar-me ir.
Bastava fechar meus olhos,
E deixar-me dormir.
Dormir o sono profundo,
Até acordar noutro mundo,
Recomeçando nova jornada,
É que, aqui ou nem sei onde,
A vida nunca se detém.
Recomeça, só, mais além.
AUTORA: JOAQUINA VIEIRA
20-03-2012
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