A CONDESSA SEM CHETA

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Saturday, 10 March 2012

MOMENTO DE ALMA - GRITO DE INVERNO




Fria noite de Inverno,
Tão calma de ventania.
Calma que vem do Inferno,
Um inferno de calmaria.
Mas eu já sinto a tempestade
Que de longe me vai acenando.
Ela acorda-me para a realidade,
Para o tempo que vai passando.
E meu corpo já estremece,
Com o peso do tempo passado.
E na roda da vida que tenho,
O tempo presente me é dado.
Mas é tempo que não detenho
Porque presente é já passado.
E vou seguindo, de mansinho,
Para não acordar a vontade,
A vontade de fugir,
De fugir da verdade.
Mas se nem sei definir
O que quer dizer verdade.
Só sei que estou a sentir,
Um sentir de ansiedade,
A ansiedade de existir,
Sem conhecer a verdade.
Já pouco importo aos demais,
Nem eles a mim me interessam.
Assim, nestes momentos infernais,
Limito-me a estar, assim.
E também não importarei,
Àqueles que estão para vir.
Nem saberão que chorei,
Que andei por cá, a existir.

Até que levanto a vontade,
E grito e brado que basta.
Mas alguém se antecipou,
Já alguém, por mim, soltou, 
Um grito que, surdo, ecoou
E que passado, passou.
E o tempo que vai passando,
A tempestade vai levando.
Sou eu a fugir no tempo,
No tempo que me vai levando.

AUTORA: JOAQUINA VIEIRA

10-02-2012

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