A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Thursday, 31 December 2015

MOMENTO DE ALMA - ENCRUZILHADAS DESAFINADAS
























O Sol realçava as minhas pegadas, gravadas de fresco, no areal deserto, ancestral, neutro. O beijo solar apressava-se, prazenteiro, adivinhando as ondas do mar.
Meus passos divagavam como o luar. Sucediam-se, compassados, ausentados do presente, presentes no passado.
Eram meus pés os mestres que faziam ceder a areia húmida e bucólica.
Meu corpo era a signa que por ali passava, invadindo as acolhedoras vagas.
Meu enlevo era total neste dia de Natal. A pura alegria que não arrefecia, mesmo sabendo dos povos que, em comunhão, arrastavam a ocasião, em vão.
Recordei meus tempos intranquilos em encruzilhadas desafinadas, em dias gelados.
Toquei violino ao som dum copo de vinho. Fui, por um dia, todos os fantasmas.
Arrastei as teias das minhas ideias e, com elas, fiz cancelas. Prendi-me a todas elas.
Corri mundo num só segundo.
Segui pegadas que outros não viam.
Meu pensamento vibrava como brisa dançando no vento. Elevado no meu tempo.
Neste dia, um dia com clarões de ensejo como os que brindam os demais dias, continuam a jorrar fontes, ainda que já tenham mirrado as nascentes. Corações persistem e resistem à dor, libertando-a em lágrimas que irão alimentar outras fontes.
Sentada no mais alto de mim, na noite deste dia em que não conto mais estrelas do que na noite de qualquer outro dia, alcancei que teria um fim. Não estremeci, não me lamentei. Não chorei nem me entristeci.
Refletindo, senti-me ufana de tudo o que já construí e inventei. Meu mundo não se resumia a tudo o que naquele momento se apresentava. Já havia sido enriquecido com as percorridas estradas da imaginação e já se tinha libertado da desolação, descansando em enseadas de absolvição.
Era o meu Natal diverso, porque contemplado à beira mar. Outras almas, ali, também haviam procurado refúgio. Não me importei em conhecer se festejavam ou se, simplesmente, meditavam.
Tudo o que deste dia restou, reparti-o com as conchas e gaivotas, com os búzios e estrelas-do-mar. Guardei-o nos meus passos, nos meus segredos.
Das ideias de hoje, daquelas que, de mim trasbordaram, retive aquela de pendurar a idade, num calendário invertido.
Já tive, pelo pavor, sonhos molhados. Por me arrepender do que fiz ou do que ainda não fiz. Por não saber pesar se, com o tempo que me foi concedido e com a mente com que fui dotada, poderia ter ido mais além dos quatro cantos da noite, das fronteiras do dia.
Apaziguo-me, então, ao reconhecer que, ainda hoje, não sou mais do que uma aprendiza.
Memórias feitas de fios, tecelagem, organização deste chão que eu piso.
Deixei meu reflexo, na flor boiando, na espuma do meu abandono.
Procurei todos os cheiros, no toque das mãos alheias.
Minha face, que se pressentia fechada e, com correntes, atada, por hoje, eu a soltei.
Passavam rentes, embelezadas, pernadas cortadas à escravidão da tradição. Junto ao mar, marchavam, libertadas.
Tudo o que é feio, hoje foi rosa, bela, que volveu sardinheira renascida.
Dei corpo às cinzas embutidas em rostos empedernidos.
Convoquei a esperança que, abrupta, se tornou lança dentro do meu olhar.
Hoje é dia de rosas nas mesas da fome, nas sombras da hipocrisia.
Hoje é dia de amor, de lampejos de dor, de fome de desejo de beijos.
Abandonei, na areia, a alma exposta, o corpo ainda vivo. Aguardavam por respostas.
No chão molhado, esperavam que, o Sol, não os abandonassem.
Queriam, apenas, confiar que alguém os regasse de amor e de saudade.
Hoje tenho os sonhos abertos.
Procuro o desejo num olhar distraído.
Hoje sou a esquecida, numa qualquer mesa perdida.
Hoje sou a camélia que se conforma com a rega de um sorriso.
Num outro dia, igual ao de hoje, a este mar, eu ainda irei voltar. Então, rirei de mim.

Autora: Joaquina Vieira


25/12/2015























Este texto é publicado por ser época de Natal e Ano Novo. Fará parte, um dia, estou certa, de uma obra para a qual já escolhi o título. Já escrevi, igualmente, os textos necessários para um primeiro volume que permanecerá na minha gaveta, tal como os cerca de dois mil textos de prosa poética que comecei a escrever há já alguns anos.



Os meus possíveis leitores ainda não chegaram à Terra. Neste momento, não me atrevo a defrontar as redes sociais que absorvem o tempo de toda a gente, desde o nascimento até à morte. Não se pensa porque não se lê. Há quem pense por todos aqueles, quase todos os seres viventes, que se deixaram enredar pelas teias do virtual. Julgam-se acompanhados mas nunca estiveram tão sós. Um dia, se tiverem tempo, vão interrogar-se: " O QUE FIZ DA MINHA VIDA ? "


Tantos leitores que o deixaram de ser porque foram enganados pela publicidade enganosa que é feita  a alguns livros sem qualquer qualidade. Há gente, na televisão, que ganha muito dinheiro só por anunciar um qualquer amontoado de páginas. Há ainda quem consiga vender uns quantos exemplares pelo simples facto de escolher um título apalhaçado.

Sunday, 8 November 2015

I





LIFE gave me everything. It gave me a father, a mother and work as well. I was just a little girl and my childish heart already loved the little I had. My little eyes absorbed everything. From an early stage I had realized this was not the life I was waiting for. I learned to read and to see. Then, I measured distances between cities and paths. I used to feel that there was something more beyond what I could see. I produced bigger dreams than myself, wondered between dreams and worlds that I didn’t met but knew that existed. I spent hours imagining how to escape this place. I was just a child and already knew I didn’t want that destiny for me. My body self shaping the people who taught me until my growing mind felt thirsty of other knowledge. Always restless and curious, I lived anxious because my body was under developed. I still did not conceived that it would be with that body of mine that I would have to build my path and my bridges. I was surrounded and tamed by other minds, while my own found refuge in another world. I had hunger for everything, from the candy to the culture. I took books as my allies and friends. It was them who showed me other philosophies. Myself, a bare foot little girl, partially toothless and carrying dirty clothes, I was already owner of a bended body, even before it was fully formed. I would satisfy my anxiety with candy wrapped in multicolor paper.
Until finally my day arrived! That one I desired. That day in which I was going to release myself from everything.
 But life was much more precise and critical. I have journeyed in scary dreams where the thirst and the heat taught me they’re lessons. Was I really simply a young woman with a very fragile body? Or was there something stronger that was dominating and beating me? I know now, that since always, a very old soul lived within me. She used to punish me, with the harsh truth in the meaning of life.
I slept under the moonlight, underneath a throw of stars that didn’t cover me, such they’re magnificence. Little by little I matured, seeing war skeletons tamed like beasts. Life was nothing more than a garret, hidden in time, inside my own elements. After my own share of reading and writing, I developed my own philosophy. I only saw myself as a body from which I served myself. Until when the God who guided me, pointed to me my own soul that was living also inside my body.
 I observed the Milky Way, the comets and the stars as worlds from where my soul came from. I felt progressively missing. I have questioned everything, even those who gave me life. But I was still the little girl who ate candy.
I left this reality, this fabricated world, from which I knew nothing. My dreams fed me and took me away from the land, until I discovered that everything that I imagined was true and possible.
I started them to accept that I came from another place. But how to understand this thirst for knowing in this inhabited planet.
I felt myself deep buried in work and other wars that tormented me.
 Today I call life as a burnt flame.
 I accept this blue planet as my home.
 I accept I am in a boat and just passing.
 I have, therefore, a lot of courage, to sail this journey which without remembering I decided to take.
 After seeing human beings crawling like serpents, abandoned on the roads, victims of others mean minds. I found it was time to leave behind my memories. My heart was awaken for the path of life and has shown me who I am. I am a wise soul, but as naïf that wants to live and experiment everything. Maybe because I do not wish to come back. Maybe that’s why I have this side that comes with me, this will to read and write and evaluate my life. The mirrors distort my stare and my body that is no longer straight, but still discreet. Like water when it arrives at the lake. From so much spinning I become myself a noria.
 I am a pure water spring,
The thirsty death.
The life that tortures me,
The punishment that beats me,
Remembering who lives within me.
 One day, if anyone finds me, they will know that I passed here, not only existing, but everything to see. From such a bended body, it does not matter anymore what may still come.
But my arrival has not been in vain. It embraced the magic wand of life, so to trough writing I could serve others.
 When the body does not find peace, I write with the soul.
 This one, who here presents itself like an indigent, it’s me,
waiting at the soul door.

Authoress: Joaquina Vieira 31/7/2015


Thursday, 1 October 2015

MEU SUSPIRO, O PRIMEIRO, MEU AMOR DERRADEIRO



Como entender a existência
Se turbilhões de incertezas
Dispersam o que sinto,
Embaciam o que vejo?
Filósofos, poetas, artistas,
Legaram as suas vidas, as suas arestas,
Em todas as épocas da História,
Indagando as suas consciências,
Grandes como as suas existências.
Existência de que me ocupo,
Numa apetência constante,
Remando nas ondas da desistência.
Mas se tudo o que digo
E tudo o que sinto
São de tamanha pequenez…
Nunca saberei, realmente,
Se o mistério da existência
É um desafio arrebatador
No labirinto da mente,
Onde se concebem mundos,
Onde o pano cai, fundo.
Viajo, desamparada,
Entre atitudes e palavras.
Quem sopra, ao meu ouvido
A miséria que me é servida
Pelo corpo, através dos sentidos?
Sobre nada tenho certezas.
Sei, apenas, que pertenço
Ao porte da minha fraqueza.
Ídolos de ouro e de prata
São alpendres que matam.
Poderia citar tanta gente
Que viveu os seus apogeus.
Mas, como tantos outros
Que também eram gente,
Partiram sem deixar rastro,
Das suas existências,
Dos seus mastros.
Será que me fecundaram
Com essência de poetisa,
Como trave basilar,
Como abelha-mestra?
Sinto este fluir de incertezas
Que me destapam o medo,
Por tudo o que faço ou não faço,
Por aquilo que, em mim, mato.
O meu mundo, o mais profundo,
É um mundo paralelo
Simétrico a outros mundos.
Mundos que se tocam, na encruzilhada,
Na estrada da simetria,
Onde os mundos, feridos, são criados.
Eu sou tudo isto,
Eu sou um pouco de nada.
Sou a farpa estilhaçada
Em mente repartida,
Apátrida, alugada,
Onde me dispo,
Onde me abandono.
Existem os reinos,
Dos outros, montados…
A guerra, começo de nada…
Encruzilhadas, recomeços…
E aparece a mente para dividir
E para pôr um fim à vida vivida.
Mas, será isto que a vida é?
Torço-me, em dorsos,
E abalroa-me a consciência,
E intriga-me a ciência.
Serei, apenas, uma página
De um livro, meu corpo,
Levitando no infinito?
Ou serei uma marioneta de energia,
Força de outra dimensão?
Uma metáfora feita melodia,
Cantada no espaço,
Suspensa nos tempos inimagináveis,
Desde a manhã da criação?
Meu corpo, parte de um todo,
Escondido da imaginação,
Suspenso no espaço, enfrenta,
As ondas da deserção.
Porque eu sei!
Eu sei que, após todas as encruzilhadas,
Após todos os recomeços,
Como anjo caído de estrelas perdidas
E de planetas esquecidos,
Regressarei ao meu berço,
Meu suspiro, o primeiro,
Meu amor derradeiro.
Voltarei a Andrómeda,
Meu lar,
Meu doce lar.

Autora: Joaquina Vieira







Tuesday, 18 August 2015

A MINHA ESTRELA



Vou propagar-me nas escuridões.
Para que possa vislumbrar
O firmamento que vive, na noite,
E até mesmo a minha estrela,
A mais brilhante e mais bela,
A que foi criada só para mim,
Para ser, no Universo, o meu mundo.
Ao longo das margens dolorosas,
Das lágrimas que nasceram de mim,
Ficaram bloqueados, detidos,
Pedaços, perdidos, de vida,
As fontes de onde fluem todos os perigos.
Pedaços que expiram, lentamente,
Nas sombras inocentes,
Na casa onde nos tentamos esconder
Dos instintos das vítimas da fome.
Mas o pressentimento, brilho divino,
Timbrado nas nuvens que passam
E arremessado contra a montanha,
É uma fonte de inspiração para os Centauros.
Em cada dia que sucede à noite,
Em cada nascimento de vida,
Eu morro na boca de outras bocas
E desfaço o Verão nas minhas mãos!
Liberto os meus pensamentos
Nos trilhos dos ventos,
No fio de linho,
No amor pela vida.
Um véu, nublado, denso,
Domina os meus pensamentos
Na entrada para a porta, semiaberta,
No beijo que acordou
E que é feito de espaço, aberto.
Na fumaça de uma janela,
Com minhas mãos, esfomeadas,
Eu arranco o meu cabelo.
É quando a minha força interior,
Contrariada, faz a sua revolução
Para forçar o fluxo.
Entre as nuvens e o tempo
Eu sou um artifício, indireto.
Desagua num envelope selado,
Todo o amor que era esperado,
O tempo ardente,
O amor ainda não cantado.
Eu gostaria de visitar o mar
E ver as gaivotas pairarem.
O abrangente mar que,
Quando perturbado pelos ventos,
Me faz, até, chorar.
Eu sou o espasmo individual,
O que vai morrer, absorvido.
Eu vou morrer contigo,
Meu anjo aflito,
E em teu mundo infinito,
Vou ser um artefacto, inútil.
Eu gostaria de ver as nuvens
Serem levadas pelo vento.
Para que me seja possível
Provar a minha inocência.
Quero ver a minha palavra,
A registada nos tempos do céu,
Ser, a mim, devolvida.



AUTORA: Maria Joaquina Vieira

















Sunday, 9 August 2015

PARCE QUE JE SUIS MARIA



















Parce que je suis Maria,
Maria Joaquina Vieira,
Disciple de l'âme,
Réfugiée sur la Lune.
Lune sereine et nue,
Intacte dans le monde.
À vous, habitants de la Terre,
Offenseurs et offensés,
Achetés et vendus,
Parce que, dans la vie, perdues
Et, de la mort, oubliés,
À vous, je me confesse.
Oui, à vous, humains,
Aliénés dans la foule,
Semer de la pourriture,
Esclavage déguisé.
D'où je viens,
Qui suis-je?
Symbole de tous les secrets,
L'arche de tous les trésors.
Dans chaque inspiration,
Je sens ma prérogative.
Je suis l'éperon qui frappe,
Et je suis, aussi, la libertine.
Je suis l'âme, calme,
Et je suis le feu, caressant.
Je suis la colline où les rivières descendent.
Je suis tout ce qu'il y a,
Et tout ce qui n’existe pas, encore.
Je suis là, dans toutes les choses que je ne contrôle pas.
Tout cela apparait, dans mon esprit, tout à coup.
Comme si ma volonté soit,
Tout simplement, une sensation de brûlure.
Qui m'a présenté ici,
Qui m'a placée ici?
Dans ce corps, loué,
Que sais-je?
Je sais que, dans ce corps, vit une âme.
Âme que, quand elle vibre, me calme.
Qui veut me poser des questions?
Quelle est ma vérité?
Je sais ce que je veux,
Je sais ce que je sens.
Dans ma révolte, je ne mens pas.
J'ai la notion du temps,
Et de la certitude de son urgence.
Quelque chose qui je ne lui appartiens pas.
Quelque chose que je la défaite toujours.
C'est comme ça que je me présente.
Le temps qui n'a pas de clémence,
Le temps qui laisse des marques sur mon corps,
Le temps qui me casse,
Le temps qui m'a transformé en une pièce de rechange.
Je suis l'écrivain malheureux,
Dans la douleur,
Dans le péché.
Dans mes mains émerge,
Le flux du moment,
Le fil de la souffrance.
Je suis vibration,
La pure émotion.
À la fois de l'écriture
Et parce que je dévoile l'âme,
Quelqu'un se va interroger, à lui-même,
A propos de son propre corps,
A propos de sa propre âme,
A propos de lui-même.



Par : Maria Joaquina Vieira























Ma lettre à vous.

La vie m'a tout donné. Un père, une mère et beaucoup du travail, aussi. Lorsque j’étais une fillette, j'avais un petit cœur qui aimait le peu qui j'avais. Mes petits yeux absorbaient toutes les petites et grandes choses.
Très tôt, je me rendis compte que la vie qui m’attendait, serait une vie totalement différente de la vie que je désirais.
J’ai appris à lire et à voir. Donc, je commençais à mesurer les distances entre les villes et les routes. Je sentais qu'il y avait quelque chose de plus, au-delà de tout ce que je voyais. Je déjà fabriquais des rêves, plus grands que moi. Je me promenais, dans les rêves, pour les mondes que je ne connaissais pas, mais qui je savais qu'ils étaient réels.
Je passais des heures à imaginer comment sortir de l’endroit où j’habitais. J´étais encore une fillette et je savais déjà que je ne voulais pas le destin qui m’était réservée.
Mon corps avait commençait à se modeler, pour les personnes qui voulait m’enseigner. Au fil du temps, mon esprit a commencé à développer la soif de nouvelles connaissances. Toujours inquiète et curieuse, je vivais anxieuse parce que mon corps ne se développait pas. Je n’imaginais pas, dans ce temps, que serait avec mon petit corps que je devrais construire mon chemin et mes ponts. Ma fantaisie, apprivoisée et entourée par d'autres esprits, a pris refuge dans autres mondes.
J'avais faim de tout. Commençant par les bonbons, jusqu'à la culture. Mais les livres étaient mes alliés et aussi mes seuls amis. Et fut à travers des livres que j'ai finis pour découvrir d'autres philosophies. J'étais encore la fillette des pieds nus, édentée, lambeaux et négligée et j'avais, déjà, mon corps fatigué. Je calmais mon anxiété avec des bonbons enveloppés dans des papiers de différentes couleurs.
Mais mon jour est venu! Le jour-là, le jour que je le souhaitais.
Mais la vie était beaucoup plus rigoureuse et critique. Et j'avais déjà embarquée dans les rêves terribles, des rêves où la soif et la chaleur m’ont donné leçons très dures.
Étais-je une jeune femme, dans un corps frêle? Ou il y avait quelque chose d'étrange, beaucoup plus fort qui moi et qui me dominait? Je sais, maintenant, qui a vécu, toujours, avec moi une âme très ancienne. Elle me punissait avec la dure vérité sur le sens de la vie. Et je m'endormais dans le clair de lune, sous une couverture d'étoiles qui ne me couvrait pas, telle était sa grandeur.
Peu à peu, je mûri, parce que je voyais squelettes provenant de la guerre, comme des bêtes apprivoisées. La vie était juste un grenier, cachée dans le temps, dans mes éléments. Après beaucoup de lecture et d'écriture, j'ai développé ma propre philosophie. Je me voyais comme un corps, dont je me servais. Seulement jusqu'au moment où le Dieu qui m'a guidait, m'a apponté l'âme qui vivait dans mon corps. J'ai regardais la Voie Lactée, les comètes et les étoiles, comme des mondes d'où l'âme est venu. Et, moi-même, je me sentais, de plus en plus, absent. Et j'ai commencé à remettre en question, tout, tous, et tout le monde. Même ceux qui m'ont donné la vie. Mais, toujours, j'ai continuais à être la fille qui mangeait des bonbons.
Je suis resté loin de cette réalité, le monde qui a été créé et dont je ne savais rien. Les rêves, ma nourriture, ils m'ont transporté par loin de la Terre. Jusqu'au moment où j'ai découvrit que tout ce que j'imaginais était possible et vrai. Je commençais à accepter que j'avais venue d'ailleurs. Mais comment comprendre cette soif de connaissances dans cette planète habitée par beaucoup des guerres et des calamités. Puis j'ai creusais des tranchées au travail et dans d'autres guerres qui me harcelaient.
Aujourd'hui, je demande la vie, comme la flamme brûlé.
J’accepte cette planète bleue, comme ma maison.
Je reconnais que je suis dans un bateau, et de passage. Par conséquent, j’ai beaucoup de courage pour faire le franchissement que, sans que je me souviens, j'ai promis que je devrais faire.
Après avoir vu les victimes de la méchanceté humaine, les êtres vivants, rampant comme des serpents, abandonnés le long des routes, je pensais qu'il était temps d'écrire mes mémoires. Mon cœur est éveillé pour la vie et m'a montré qui je suis. Je suis l'âme expérimentée, mais non protégée, qui veut faire l'expérience de tout. Peut-être parce qu'elle ne veut pas revenir. Donc j'ai cette particularité, qui est venu avec moi, qui est le désir de lire, d’écrire et d’évaluer ma vie. Les miroirs déforment mon regard et mon corps. Corps qui n'est plus vertical mais que est, encore, discret. Comme l'eau que cherche le lac. Et parce que je me trouve, en permanence, en rotation autour de l'âme, je me vois, à moi-même, comme un dispositif pour puiser de l'eau.
 Je suis la source pure,
La mort de soif.
La vie qui me hante,
Le châtiment qui me harcèle,
Pour me rappeler de qui vit avec moi.
Un jour, si vous savez comment me trouver, vous saurez que je suis passé par ici, non seulement pour exister. Je suis venu ici pour tout regarder. Si je me rends compte que mon corps est trop courbée, peu importe ce qui peut encore venir.
Mais ma venue ne fut pas vaine. Elle a embrassé la vertu de la vie et, à travers de l'écriture, elle aidée beaucoup d'autres vies.
Quand le corps ne se calme pas, je vous écris avec l'âme. L'être humain qui ici se fait présenter comme un indigent qui attend à la porte de l’âme, il est moi.

Auteure: Maria Joaquina Vieira