Choro lágrimas que ninguém vê.
Pelas crianças abandonadas,
Maltratadas e violadas.
Pelos muros da noite que se erguem
Onde rosas deveriam nascer.
Ninguém repara em mim,
Nem mesmo quando rio.
Nem quando o Sol me queima a vida,
Levando-a para o exílio.
Choro os cadáveres que ninguém reclama.
Choro pelas almas enterradas na lama,
Ou dentro de poços
Cobertos pelo lodo.
Choro para que as estrelas desçam,
Arrependidas de mim, do céu.
Que se atrevam a enviar-me um sorriso
E que nas mãos dos desafortunados,
Deixem cair um pouco de esperança.
Choro da carne por vestir.
Nem que tudo não passe de uma ilusão,
Choro pela ignóbil e impune humilhação.
Aquela que é infligida, dissimulada,
Às mulheres tombadas no chão.
Às mulheres tombadas no chão.
Choro:
-Pelos vagabundos perdidos na imensidão;
-Pelos vagabundos perdidos na imensidão;
-Pelo silêncio dos inocentes;
-Pelos animais abatidos;
-Pelas minhas lágrimas caídas.
Mas não choro por mim!
Eu já não quero as lágrimas,
Nem das de quem por mim diz chorar.
Quero ficar por aqui,
Com sonhos, cardos, insónias.
Nesta dor enternecida eu choro.
Choro, em segredo, pelos outros.
Espero que chegue aquele dia
Em que meu coração estoire.
Num dia de tamanha alegria,
Minhas lágrimas serão catástrofes
De pedra, incendiadas,
Quando escorrerem
Em todas as faces do mundo.
POR: JOAQUINA VIEIRA
8/08/2011
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