A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Thursday 1 September 2011

O ESPELHO



É o meu rosto, parado,
O que observo, espelhado.
Reconheço-o pelos traços
Que, o tempo, determinou
E, nele, os assentou.
Antes, alegre e divertido,
Hoje, sereno e tranquilo.
Mas, só a mim, importam
As marcas da minha face.
Recordam-me tempos passados.
Rirei de mim, rirei do tempo,
Dos sinais do caminho pisado.
As minhas mãos, passarão por eles,
Como bálsamo rejuvenescedor.
Mas, o tempo, já cunhou meu rosto.
As horas e o vento agreste,
Tudo nele se fixou e o marcou.
Como estes sulcos,
Cravados em minha pele,
Como pelo arado que trabalha a terra.
A mim, pouco me importa
Se meu corpo está a mudar.
Meu rosto saberá preservar,
Os traços da minha aventura.
Desde o meu tempo de moça,
Quando a vida era força
E nem de tempo dispunha
Para cuidar de meu rosto.
Mas, hoje, já me detenho
E encaro, de frente, o espelho,
Recordando minhas andanças.
Algumas, difíceis de recordar,
Fazem-me, até, chorar.
Mas não lamento nada, não.
Quem se queixa, não é o rosto,
É o coração que se lastima
Quando, frente ao espelho,
A emoção me percorre.
Que lamentos do coração
Que bate, então, incerto,
Como que entrando em combustão.
A ele, sim, caberá falar
Do que, realmente, interessa,
Na imagem que se manifesta.

Por Joaquina Vieira
23/8/2011

No comments:

Post a Comment

Note: only a member of this blog may post a comment.