A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Thursday 1 September 2011

RIO DA ALMA - FUGI, POR MIM


Sendo inspirada pelo mar
Foi às ondas e à maresia
Que, minha poesia, declamei.
Ainda que escreva palavras sem nexo
Em que confunda amor com sexo,
Em páginas as guardei.
Ainda me engano, sim!
Irrompo na prosa
E acho-me na poesia.
São dois caminhos, abertos,
Por onde entro, desperta,
Sem saber qual escolher.
Neles começo a escrever
E também a descrever
Pensamentos e sentimentos
Que se fazem presentes,
Dentro da minha cabeça.
É a premência que vem depositar
Palavras que nascem, urgentes.
Transformo-as em algo tangente,
Para algo poderem expressar.
E se desta forma escrevo,
Por certo que sou comandada,
De demanda, alugada.
Enquanto sinto a vida correr,
Escrevo, como uma louca,
Uma louca por escrever.
É parte da minha terapia,
Do que tenho para contar.
Entendo como um fenómeno,
O constrangimento que sinto
E que me impele a escrever.
E escrevo, permitindo que nasça
Tudo o que se queira apresentar.
Que se chame de prosa ou poesia
É diferença que já sentia,
Há tanto tempo, em menina.
Marcada, na pele, pela diferença,
Tudo, alegre, enfrentava,
Sem permitir que me derrotassem.
Eu era aquela, a diferente,
Diferente de outra gente.
Veio o destino empurrar-me
Para fora daqueles muros.
E vi que tudo era diverso.
Foi então que concebi
Que não ficaria onde nasci.
Corri, por vales e montanhas,
Escoltada por meus sonhos.
Dormi, na noite fria, ao luar,
Ouvindo os lobos a uivarem.
O seu lamento me sacudia
Para fora daquele lugar.
E fugi, por mim fugi,
E a outra vida fui parar.

Por Joaquina Vieira


1/10/2011


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