Aos poetas quero dizer
Que não se deixem abater,
Pelos lapsos da inspiração.
Escrevo, para mim, a ocasião
E tenho a minha sina, inscrita,
Na palma da minha mão.
Pretendo legar algo de mim,
Nem que seja uma lição.
E vem um recado, urgente,
Que chega da minha mente
E que me obriga a escrever
E que me impõe tudo rever,
Com olhos diferentes de ver.
E escrevo, sem obrigação,
Com alegria e emoção,
Se junto a voz à razão.
Sou tão frágil como a flor,
Mesmo que fonte de odor,
Desfolhada, caída no chão.
E minha mente é cata-vento
Que muda ao sabor do momento
Mas que nunca gira, em vão.
E mesmo de braços dormentes,
Só quando a mente se liberta
Da sua mensagem urgente
É que poderei descansar.
Então, não me alimento,
Nem mostro estar contente.
Não sei como designar
Este ímpeto que me domina,
E que ora vai, ora vem.
E eu sempre disposta a acatar,
Tudo o que, da mente, brotar.
Porque o que importa é entregar
A mensagem tão urgente.
É algo que me guia, eu sei.
A minha escrita é corrente
E nem penso no que vai nascer.
Ela é libertada, de rompante,
Para dentro do meu instante,
Onde se acha abrigada.
Depois, aceita ser trabalhada.
Segue, por fim, seu caminho,
Um caminho que se pode medir,
Desde a mão até ao porvir.
Para mim, o mais importante
É que siga o seu destino.
Toda eu me dou, a este querer,
Ao algo que me impele a escrever.
Não sei se serei, de algo, missão
Ou se serei um instrumento, à
mão…
Por Joaquina Vieira
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