Que se amotinem todos mares
E, colossais, vagas se levantem.
Que os oceanos transbordem
E afundem os continentes.
Que a paz, sonho saqueado,
Aborde a alma dos descontentes.
Que caia tudo em volta, em desordem,
Num plano que não tem horas.
Estreita é a hora para mudar.
Que se ergam vozes altaneiras
E se forjem novas posturas,
Novas formas de pensar,
De estar, de sentir, de agir.
Que venham os elementos
E, todos juntos, que formem
Uma ementa de sofrimento,
De ais, de lamentos e gemidos.
Só assim os humanóides
Poderão entender, finalmente,
O que andam, por aqui, a fazer.
Também eu, sendo humana,
Frágil perante a natureza,
Sou sorvida pelo turbilhão
Que é a existência, um furação.
Mas defendo a minha razão
E resisto, na convulsão.
Então, sentimentos me assaltam.
São a tristeza e a revolta,
Dentro de mim a morar.
Meus sonhos habitam, bem alto,
Onde ninguém pode entrar.
Agora, meu corpo pequeno,
Carece de ser abanado
Pelo vento que abana as arvores
E leva, consigo, a revolta
Desta morfologia, quase morta.
E se os vulcões desatarem,
Também eles, a chorar,
Que vertam lágrimas,
Vermelhas de lava, ardentes,
E que tudo levem pela frente.
Que a espécie que nada respeita
E que pensa ser dominante,
Toda a riqueza abandone
E, à pressa, debande,
Fugindo, sem destino.
Pompeias de desatino!
Mas eu acredito em algo,
Algo muito mais poderoso,
Que por nós olha e guia.
Este é o alvorecer que,
Para aqui estar, encontrei.
POR JOAQUINA VIEIRA
03/09/2011
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