A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Saturday, 3 September 2011

PENAS MINHAS


Penas minhas que se avivam
No nascer de cada noite.
Ainda que de veludo se vistam,
Minhas penas, companheiras,
 Vêm comigo pernoitar.
Minhas penas atingidas,
Afundadas em lagos profundos,
Acabarão por emergir,
Destacando-se no meu brasão.
Nasça o dia ou caia a noite,
Minha alma, com ar sombrio,
Vem comigo interferir.
Não sendo um pássaro, alada,
Sou de penas revestida.
E se de opiniões contrafeitas
Por mitos e discórdias,
Poderei ser um anjo
Que, em mim, grita?
Só sei que sou a escrita,
Neste penoso pensar,
Em meu corpo descoberto,
Neste embaraço desperto.
Se levantar minhas penas,
Quem comigo pode ficar?
Virá depois o tempo,
O meu tempo reclamar.
E se nada de mim restar,
Ficarão as minhas penas,
Na minha escrita, amenas.
E libertadas no tempo,
No seu caminho voarão.
Elas ficarão onde eu não ficar,
Assim, de veludo, vestida.
E voltarão renascidas,
E comigo irão festejar,
Enquanto existir o dia
E a noite não chegar.

Por Joaquina Vieira

07/08/2011

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