Penas minhas que se
avivam
No nascer de cada noite.
Ainda que de veludo se
vistam,
Minhas penas,
companheiras,
Vêm comigo pernoitar.
Minhas penas atingidas,
Afundadas em lagos
profundos,
Acabarão por emergir,
Destacando-se no meu
brasão.
Nasça o dia ou caia a
noite,
Minha alma, com ar
sombrio,
Vem comigo interferir.
Não sendo um pássaro,
alada,
Sou de penas revestida.
E se de opiniões contrafeitas
Por mitos e discórdias,
Poderei ser um anjo
Que, em mim, grita?
Só sei que sou a
escrita,
Neste penoso pensar,
Em meu corpo descoberto,
Neste embaraço desperto.
Se levantar minhas
penas,
Quem comigo pode
ficar?
Virá depois o tempo,
O meu tempo reclamar.
E se nada de mim restar,
Ficarão as minhas penas,
Na minha escrita,
amenas.
E libertadas no tempo,
No seu caminho voarão.
Elas ficarão onde eu não
ficar,
Assim, de veludo,
vestida.
E voltarão renascidas,
E comigo irão festejar,
Enquanto existir o dia
E a noite não chegar.
Por Joaquina Vieira
07/08/2011
No comments:
Post a Comment
Note: only a member of this blog may post a comment.