A CONDESSA SEM CHETA

A CONDESSA SEM CHETA
MY BOOK

Saturday, 3 September 2011

VEM DAS LENDAS...


Ciclópica apreensão,
A que se instalou em meu peito.
Não sei por onde andou
Nem que anjo a alcançou.
Vem do tempo que faz tempo
E que nem sei, num rosário, contar.
Vem das lendas de outro tempo,
Do tempo que nem sei lembrar.
Que a tristeza nasça,
Por defeito, em meu jardim.
Sempre sentirei odores,
Para temperar, até ao fim,
Meu coração apertado
Com cordas, subjugado
Em movimentos abreviados,
Nas mãos do destino lançado.
Pobre de mim, tristeza!
Na minha ausência batalhas
E perco, de todo, o sentido.
E ainda que me apareças
Assim, vestida de cetim,
Nada há, que saiba, de ti.
Nem sequer onde moras
E onde teces meus sentimentos
Que, guardados estarão
Nalguma estação de Verão
Onde as flores vão florir.
Talvez para que, tu, de mim,
 Não venhas a poder rir-te.
Vou, o mau estar presente,
Enterrá-lo como má semente.
Para que dele germine a esperança
Que possa alagar o tempo,
Nesta agonia feita sentimento.
Prefiro ficar na beira da estrada, só,
Para que, de mim, não haja dó.
Assim, comigo sozinha, saberei
Diluir-me em mil pedaços,
Feitos de memorias e laços,
Onde a solidão seja capaz
De, dali me resgatar,
E à minha alma, adormecida,
Para que, num suspiro atroz,
Me traga, de novo, à vida.
Adeus tristeza, até um dia.
Amanhã serei, acredita, outra.
Acordarei, num novo dia,
E todas as flores florirão
E se abrirão, de alegria,
 Enchendo o meu coração.
Meus pensamentos voarão
E quedarão as penas, no chão.
Vou sentir-me renovada
E, com nova roupa, lavada,
E, dos teus braços, libertada.
Adeus tristeza, passada.

02/08/2011

POR JOAQUINA VIEIRA

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