Meus olhos se espraiaram
E, em poeira, se espalharam
Entre a meda e a eira,
Entre a palha e o palheiro.
Dentro de espaços vazios
Onde as enxergas são frias,
Meus olhos que estão fechados,
No pó do caminho, enterrados,
Imaginam-se a deambular
Em jardins por colorir
Com flores por florir.
Mas estes meus olhos verdes,
Desmaiados, perdem a cor,
Entre sonhos jamais vividos,
Entre amores desvanecidos.
Mas, noutra noite, regressam
Onde novos sonhos afloram.
São outros mundos a que sobem,
A vidas, não minhas, se mostram.
A almas entornadas, confusas,
A outras dissipadas, difusas,
Que, em mim, se baralham.
A elas me quero aliar
De mente e coração abertos.
Mas limito-me só a espreitar
Porque, delas, não faço parte.
Meus olhos, pequenos, meigos,
Abertos, vastos enquanto dia,
Trazem-me o esplendor da cor.
Da cidade, de onde vem o odor,
Meus olhos a contemplam
E, dela, tudo assimilam.
Entre a noite e o dia se confundem
Na poeira de outros dias,
Nos rastos de outras noites.
Mas volta a calma a imperar
E meus olhos, pequenos e frios,
Em cada dia que volta,
Voltam, de novo, a brilhar.
Olhos meus que tudo fitam…
Por Joaquina Vieira
20/08/2011
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